Para comemorar esta
efeméride, publicaremos diariamente, até 23 de abril, um poema sobre o livro ou
a leitura. Este é o quarto:
A um Livro
No silêncio de
cinzas do meu Ser
Agita-se uma sombra
de cipreste,
Sombra roubada ao
livro que ando a ler,
A esse livro de
mágoas que me deste.
Estranho livro
aquele que escreveste,
Artista da saudade
e do sofrer!
Estranho livro
aquele em que puseste
Tudo o que eu
sinto, sem poder dizer!
Leio-o, e folheio,
assim, toda a minh’alma!
O livro que me
deste é meu, e salma
As orações que
choro e rio e canto! ...
Poeta igual a mim,
ai que me dera
Dizer o que tu
dizes! ... Quem soubera
Velar a minha Dor
desse teu manto! ...
Florbela Espanca, Livro de Mágoas
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