A Biblioteca da Fundação A LORD tem como principal objectivo contribuir para o desenvolvimento cultural dos indivíduos e dos grupos sociais da comunidade.
É um local de leitura, de consulta de documentos e de recolha de informação.
As heras de outras eras água pedra
E passa devagar memória antiga
Com brisa madressilva e primavera
E o desejo da jovem noite nua
Música passando pelas veias
E a sombra das folhagens nas paredes
Descalço o passo sobre os musgos verdes
E a noite transparente e distraída
Com seu sabor de rosa densa e breve
Onde me lembro amor de ter morrido
- Sangue feroz do tempo possuído.
Andresen, Sophia de Mello Breyner. 1996. Obra
poética. Lisboa: Caminho
OLHOS
POSTOS NA TERRA, TU VIRÁS
Olhos
postos na terra, tu virás
no
ritmo da própria primavera,
e
como as flores e os animais
abrirás
nas mãos de quem te espera.
EUGÉNIO
DE ANDRADE, As Mãos e os Frutos, 1948
ANUNCIAÇÃO
Surdo
murmúrio do rio,
a
deslizar, pausado, na planura.
Mensageiro
moroso
dum
recado comprido,
di-lo
sem pressa ao alarmado ouvido
dos
salgueirais:
a
neve derreteu
nos
píncaros da serra;
o
gado berra
dentro
dos currais,
a
lembrar aos zagais
o
fim do cativeiro;
anda
no ar um perfumado cheiro
a
terra revolvida;
o
vento emudeceu;
o
sol desceu;
a primavera
vai chegar, florida.
Miguel
Torga, Poesia Completa de Miguel Torga - Volume I
(…)
o Nobel foi atribuído à poesia de Bob Dylan, não à sua música; e a poesia de
Dylan, certamente indissociável das canções que criou, é, como poesia, autónoma
em relação a ela. Pois bem, por uma vez, a Academia surpreendeu pela positiva
(…). E lançou-nos um desafio: tratemos de ler ou reler a poesia de Bob Dylan
enquanto poesia e talvez tenhamos algumas surpresas. E sobretudo não fiquemos
chocados, pelo facto de essa poesia ser difundida em concertos (como foi), pela
rádio, pela televisão e pela internet.
Nascido em Duluth, no Minnesota, em
1941, no seio de uma família de proveniência russa e judaica, Bob Dylan, pseudónimo
de Robert Allen Zimmerman, começou a escrever poemas com dez anos de idade.
Aprendeu a tocar piano e guitarra sozinho. Em 1959, foi estudar para a
Universidade do Minnesota (EUA). No ano seguinte, decidiu deixar a faculdade e
partir para Nova Iorque, cada vez mais interessado nas origens do rock and roll
e em intérpretes e criadores como Woody Guthrie, sua grande referência musical.
“Já tinha passado por muitas coisas e visto muitas outras. Mas agora o destino
ia revelar-se. Senti que [Guthrie] estava a olhar diretamente para mim e para
mais ninguém”, escreve Dylan no 1.º volume das suas Crónicas.
Em 2004, foi eleito pela revista Rolling Stone o 7º
maior cantor de todos os tempos e, pela mesma revista, o 2º melhor artista da
música de todos os tempos, ficando atrás somente dos Beatles,
e uma de suas principais canções, "Like a Rolling Stone", foi
escolhida como a melhor de todos os tempos. Influenciou diretamente
grandes nomes do rock americano e britânico dos anos de 1960 e 1970. Em 2012, Em 2004, foi eleito pela renomada revistaRolling
Stoneo 7º maior cantor de todos os tempos e, pela mesma revista, o 2º
melhor artista da música de todos os tempos, ficando atrás somente dosBeatles, e uma de suas principais canções, "Like a Rolling Stone", foi escolhida como a melhor de todos os tempos.[1]Influenciou diretamente grandes nomes
do rock americano e britânico dos anos de 1960 e 1970. Em 2012, Dylan foi
condecorado com aMedalha Presidencial da Liberdadepelopresidente dos Estados UnidosBarack
Obama.
Ganhou o Prémio Nobel da Literatura em
2016 por "ter criado novos modos de expressão poética no quadro da
tradição da música americana". E, assim, tornou-se o primeiro e único
artista na história a ganhar, além do Prémio
Nobel, o Oscar, o Grammy e
o Globo de Ouro.
Luísa
Ducla Soares selecionou os poemas que integram Poesia para todo o
ano, uma antologia organizada de acordo com os temas abordados no 1.º
Ciclo do Ensino Básico.
Esta
coletânea é certamente uma bela iniciação à poesia, constituindo, também, um
apoio para professores e encarregados de educação. Inclui poemas de todos os
livros presentes nas Metas Curriculares de Português para este nível de ensino.
Através
dos mais reconhecidos poetas do passado e contemporâneos, abrange temáticas
abordadas nos quatro primeiros anos de escolaridade, procurando estimular o
prazer de ler e o gosto pela poesia e pela língua portuguesa.
Esta
antologia aborda assuntos como, por exemplo, a natureza, o corpo humano, a
História de Portugal, as festividades, entre outros. E inclui a indicação do nível de dificuldade
de cada poema e respetiva recomendação do ano de escolaridade a que se destina.
Cada
um dos doze capítulos é ilustrado por um artista diferente, facto que permite o
acesso a uma grande variedade estética.
No
mês em que se celebra mundialmente a poesia, uma boa sugestão para aprenderes,
divertindo-te.
Visita
a Biblioteca e leva este livro contigo.
Coisas que não há que há
Uma coisa que me põe triste
é que não exista o que não existe.
(Se é que não existe, e isto é que existe!)
Há tantas coisas bonitas que não há:
coisas que não há, gente que não há,
bichos que já houve e já não há,
livros por ler, coisas por ver,
feitos desfeitos, outros feitos por fazer,
pessoas tão boas ainda por nascer
e outras que morreram há tanto tempo!
Tantas lembranças de que não me lembro,
sítios que não sei, invenções que não invento,
gente de vidro e de vento, países por achar,
paisagens, plantas, jardins de ar,
tudo o que eu nem posso imaginar
porque se o imaginasse já existia
embora num sítio onde só eu ia…
madrugada, passos soltos de gente que saiu com destino certo e sem destino aos tombos no meu quarto cai o som depois a luz. ninguém sabe o que vai por esse mundo. que dia é hoje? soa o sino sólido as horas. os pombos alisam as penas, no meu quarto cai o pó.
um cano rebentou junto ao passeio. um pombo morto foi na enxurrada junto com as folhas dum jornal já lido. impera o declive um carro foi-se abaixo portas duplas fecham no ovo do sono a nossa gema.
sirenes e buzinas, ainda ninguém via satélite sabe ao certo o que aconteceu, estragou-se o alarme da joalharia, os lençóis na corda abanam os prédios, pombos debicam
o azul dos azulejos, assoma à janela quem acordou. o alarme não pára o sangue desavém-se. não veio via satélite a querida imagem o vídeo não gravou e duma varanda um pingo cai de um vaso salpicando o fato do bancário
Numa iniciativa que visa a promoção do teatro, como arte do espetáculo, junto do público escolar de Lordelo, e o apoio ao programa curricular da disciplina de Língua Portuguesa/Português, a Biblioteca da Fundação A LORD promoveu a dramatização do Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, um dos textos que os alunos do 9º ano estudam.
O Auditório da Fundação foi o local onde decorreu o espetáculo a cargo do TEATRO ARAMÁ.
A disputa figurada é entre o Bem e o Mal. O Diabo da barca dos danados e o Anjo da barca que conduz ao Paraíso ouvem as justificações do Judeu, da Brízida Vaz, do Onzeneiro, do Parvo, entre outras personagens, das ações praticadas em vida, decidindo sobre o seu destino, conforme o respetivo merecimento. A vaidade, a usura, a hipocrisia, a luxuria e outros são os “pecados” que as personagens vão desfilando.
O grupo do TEATRO ARAMÁ, dirigido por Tó Maia, apresentou um trabalho rigoroso e divertido, aliando a seriedade do tema aos diferentes tipos de cómico.
Ficha artística e técnica
Adaptação e Direção: Tó Maia. Cenografia: Hernâni Miranda Interpretação: Jaime Monsanto, Eva Fernandes, Miguel Rimbaud e Tó Maia - Operação Técnica: Pedro Esperança - Produção: Teatro Aramá