terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Um poema...de Natal

Terminamos hoje a publicação de poemas sobre o Natal, de autores portugueses.


FELIZ NATAL!


ESTE MENINO

Este Menino
é pequenino,
qual passarinho
a querer poisar 
devagarinho.

Devagarinho
poisa no ninho
que o colo tem:
ninho do colo
da sua mãe.

Maria Alberta Menéres


DIA DE NATAL

Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.
É dia de pensar nos outros – coitadinhos – nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.

Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.

De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?)
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)
Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente acotovela, se multiplica em gestos esfuziante,
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.

Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.

Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
E como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.

A oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra – louvado seja o Senhor! – o que nunca tinha pensado comprar.

Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.
Cada menino abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora já está desperta.
De manhãzinha
salta da cama,
corre à cozinha em pijama.

Ah!!!!!!!

Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.

Jesus,
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.

Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.
Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.

Dia de Confraternização Universal,
dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.

António Gedeão


Dia de Natal - António Gedeão

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Um poema...de Natal

Os poemas de hoje são...

HINO DE AMOR
João de Deus

Andava um dia
Em pequenino
Nos arredores
De Nazaré,
Em companhia
De São José,
O bom Jesus,
O Deus Menino.

Eis senão quando
Vê num silvado
Andar piando
Arrepiado
E esvoaçando
Um rouxinol,
Que uma serpente
De olhar de luz
Resplandecente
Como a do Sol,
E penetrante
Como diamante,
Tinha atraído,
Tinha encantado.
Jesus, doído
Do desgraçado
Do passarinho,
Sai do caminho,
Corre apressado,
Quebra o encanto,
Foge a serpente,
E de repente
O pobrezinho,
Salvo e contente,
Rompe num canto
Tão requebrado,
Ou antes pranto
Tão soluçado,
Tão repassado
De gratidão,
De uma alegria,
Uma expansão,
Uma veemência,
Uma expressão,
Uma cadência,
Que comovia
O coração!
Jesus caminha
No seu passeio,
E a avezinha
Continuando
No seu gorjeio
Enquanto o via;
De vez em quando
Lá lhe passava
A dianteira
E mal poisava,
Não afroixava
Nem repetia,
Que redobrava
De melodia!

Assim foi indo
E foi seguindo.
De tal maneira,
Que noite e dia
Numa palmeira,
Que havia perto
Donde morava
Nosso Senhor
Em pequenino
(Era já certo)
Ela lá estava
A pobre ave
Cantando o hino
Terno e suave
Do seu amor
Ao Salvador!
João de Deus

A NOITE DE NATAL

Em a noite de Natal
Alegram-se os pequenitos;
Pois sabem que o bom Jesus
Costuma dar-lhes bonitos.

Mário de Sá-Carneiro
Vão se deitar os lindinhos
Mas nem dormem de contentes
E somente às dez horas
Adormecem inocentes.

Perguntam logo à criada
Quando acorde de manhã
Se Jesus lhes não deu nada.

– Deu-lhes sim, muitos bonitos.
– Queremo-nos já levantar
Respondem os pequenitos.
Mário de Sá-Carneiro

PRELÚDIO DE NATAL

Tudo principiava
pela cúmplice neblina
que vinha perfumada
de lenha e tangerinas

Só depois se rasgava
a primeira cortina
E dispersa e dourada
no palco das vitrinas

David Mourão-Ferreira
a festa começava
entre odor a resina
e gosto a noz-moscada
e vozes femininas

A cidade ficava
sob a luz vespertina
pelas montras cercada
de paisagens alpinas
David Mourão-Ferreira


Natal divino ao rés-do-chão humano,
Sem um anjo a cantar a cada ouvido.
Encolhido
À lareira,
Ao que pergunto
Respondo
Miguel Torga
Com as achas que vou pondo
Na fogueira.

O mito apenas velado
Como um cadáver
Familiar…
E neve, neve, a caiar
De triste melancolia
Os caminhos onde um dia
Vi os Magos galopar…
Miguel Torga

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Um poema...de Natal

Hoje publicamos dois poemas...

OS PASTORES

Guardavam certos pastores
seus rebanhos, ao relento,
sobre os céus consoladores
pondo a vista e o pensamento.

Quando viram que descia,
cheio de glória fulgente,
um anjo do céu do Oriente,
que era mais claro que o dia.

Jamais os cegara assim
luz do meio-dia ou manhã.
Dir-se-ia o audaz Serafim,
que um dia venceu Satã.

Cheios de assombro e terror,
rolaram na erva rasteira.
– Mas ele, com voz fagueira,
lhes diz, com suave amor:

«Erguei-vos, simples, daí,
humildes peitos da aldeia!
Nasceu o vosso Rabi,
que é Cristo – na Galileia!

Num berço, o filho real,
não o vereis reclinado.
Vê-lo-eis pobre e enfaixado,
sobre as palhas de um curral!

Segui dos astros a esteira.
Levai pombas, ramos, palmas,
ao que traz uma joeira
das estrelas e das almas!»

Foi-se o anjo: e nas neblinas,
então celestes legiões
soltam místicas canções,
sobre violas divinas.

Erguem-se, enfim, os pastores
e vão caminhos dalém,
com palmas, rolas, e flores,
cordeiros, até Belém.

E exclamavam indo a andar:
– «Vamos ver o vinhateiro!
Ver o que sabe lavrar
nas nuvens, ver o Ceifeiro!

Vamos beijar os pés nus
do que semeia nos céus.
Ver esse pastor que é Deus
– e traz cajado de luz!»

Chegando ao presépio, enfim,
caem, de rojo, os pastores,
vendo o herdeiro d’Eloim
que veste os lírios e as flores.

Dão-lhe pombas gloriosas,
Gomes Leal 

meigos, tenros animais.
– Mas, vendo coisas radiosas,
casos vindouros, fatais…

Abria o deus das crianças
uns olhos profundos, graves,
no meio das pombas mansas
– nas palpitações das aves.
Gomes Leal

PRECE DO NATAL

Menino Jesus
De novo nascido,
Baixai o sentido
Para a nossa cruz!

Vede que os humanos
Erros e cuidados
Nos são tão pesados
Como há dois mil anos.

A nossa ignorância
É um fardo que arde.
Como se faz tarde
Para a nossa ânsia!

Nós somos da Terra,
Coisa fria e dura.
Olhai a amargura
Que esse olhar encerra.

Colai o ouvido
À alma que sofre;
Abri esse cofre
Do sonho escondido.

Pegai nessa mão
Que treme de medo;
Sondai o segredo
Da minha oração.

Esta pobre gente
Que mal é que fez?
Nós somos, talvez,
Um povo «inocente»…

Menino Jesus
Que andais distraído
Baixai o sentido
Para a nossa cruz!

A mais insofrida
De tantas misérias
– Não termos mais férias
Ao longo da vida –

Trocai por amenas
Carlos Queirós

Manhãs sem cuidados,
Silêncios banhados
De ideias serenas;

Por cantos e flores
Risonhas imagens
Macias paisagens
Felizes amores!
Carlos Queirós

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

XVII ANIVERSÁRIO DA FUNDAÇÃO A LORD| XIII ANIVERSÁRIO DA BIBLIOTECA

A Fundação A LORD e a sua Biblioteca comemoraram mais um aniversário, o XVII e o XIII respetivamente.
E porque os aniversários se celebram em ambiente de festa, realizou-se um espetáculo no passado dia 7 de dezembro, no Auditório da Fundação.

O público presente encheu o auditório neste encontro de alegria e boa disposição.

A abrir a sessão, o Presidente da Fundação A LORD saudou os presentes e procedeu à entrega dos diplomas atribuídos aos formandos dos cursos de  INICIAÇÃO à INFORMÁTICA,  INFORMÁTICA – nível 2 e INFORMÁTICA – INTERNET promovidos pela instituição e destinados a interessados com mais de 50 anos.



Cinderela, um clássico da literatura infantil numa versão contemporânea e bem-humorada da autoria de João Paulo Seara Cardoso, subiu à cena numa interpretação do grupo LORDator
O bom desempenho dos jovens atores foi premiado com os aplausos da assistência.

A terminar, o público presente foi convidado a cantar os parabéns às aniversariantes.

Seguiu-se um momento de convívio em que foi servido o bolo de aniversário.




sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

UM POEMA...de NATAL

O poema de hoje é:

LITANIA DO NATAL

A noite fora longa, escura, fria.

Ai noites de Natal que dáveis luz,
Que sombra dessa luz nos alumia?
Vim a mim dum mau sono, e disse: «Meu Jesus…»
Sem bem saber, sequer, porque o dizia.

E o Anjo do Senhor: «Ave, Maria!»

Na cama em que jazia,
De joelhos me pus
E as mãos erguia.
Comigo repetia: «Meu Jesus…»
Que então me recordei do santo dia.

E o Anjo do Senhor: «Ave, Maria!»

Ai dias de Natal a transbordar de luz,
Onde a vossa alegria?
Todo o dia eu gemia: «Meu Jesus…»
E a tarde descaiu, lenta e sombria.

E o Anjo do Senhor: «Ave, Maria!»

De novo a noite, longa, escura, fria,
Sobre a terra caiu, como um capuz
Que a engolia.
Deitando-me de novo, eu disse: «Meu Jesus…»
E assim, mais uma vez, Jesus nascia.

José Régio

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013


UM POEMA...de NATAL

Até ao dia de Natal, publicaremos vários poemas de autores portugueses sobre o Natal.
Este é o primeiro:
[CHOVE. É DIA DE NATAL]

Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal,
E o frio que ainda é pior.

E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.

Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.

Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés.

Fernando Pessoa

O LEITURAS SUGERE…







...para dezembro



O Cavalinho de pau do Menino Jesus 
e outros contos de Natal
Manuel António Pina

Quando soube que o Menino Jesus tinha nascido, o Pai Natal ficou contentíssimo. Vestiu-se a correr, carregou o trenó com presentes e chamou as renas:
"Dasher, Dancer, Dunder... Venham depressa!"
Quando a Mãe Natal, que fora fazer compras, chegou a casa, o Pai Natal já tinha atrelado as renas e estava pronto para partir.

Livro recomendado para o 3º ano de escolaridade, destinado a leitura autónoma e leitura com apoio do professor ou dos pais.








Provérbios sobre o Natal

Dos Santos ao Natal, Inverno natural.
Do Natal a Janeiro, um salto de carneiro.
De Santa Catarina ao Natal, mês igual.
De Santa Luzia ao Natal, um salto de pardal, de Natal a Janeiro, um salto de carneiro.
De Todos os Santos ao Natal, bom é chover e melhor nevar.
Do Natal à Santa Luzia cresce um palmo o dia.
Do São Martinho ao Natal, o médico e o boticário enchem o bornal.
Entrudo borralheiro, Natal em casa, Páscoa na praça.
Galinhas de São João, pelo Natal poedeiras são.
Laranja antes do Natal livra do catarral.
Se a Páscoa é a soalhar, é o Natal atrás do lar; se o Natal é a soalhar, é a Páscoa atrás do lar.
Mal vai Portugal se não há três cheias antes do Natal.
Namoro de Carnaval, não chega ao Natal.
Natal à sexta-feira, por onde puderes semeia; domingo vende bois e compra trigo.
Natal ao soalhar e a Páscoa ao luar.
Natal ao sol, Páscoa ao fogo, fazem o ano formoso.

O Natal ao soalhar e a Páscoa ao luar.
Ande o frio por onde andar, no Natal cá vem parar.
Para que o ano não vá mal, hão-de os rios encher três vezes entre São Mateus e o Natal.
Até ao Natal salto de pardal, de Natal a Janeiro salto de carneiro e de Janeiro a Fevereiro salto de outeiro.
Quem colhe antes do Natal, deixa o azeite no olival.
Quem morre de véspera é peru de Natal.
Comido o Natal, à segunda-feira tem o lavrador que alugar a eira.

In Diciopédia X [DVD-ROM]. Porto: Porto Editora, 2006. ISBN: 978-972-0-65262-1

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Dia Internacional dos Direitos Humanos


O Dia Internacional dos Direitos Humanos é celebrado anualmente a 10 de dezembro.
A data visa homenagear o empenho e dedicação de todos os cidadãos defensores dos direitos humanos e pôr um fim a todos os tipos de discriminação, promovendo a igualdade entre todos os cidadãos.

A celebração da data foi escolhida para honrar o dia em que a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou, a 10 de dezembro de 1948, a Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Esta declaração foi assinada por 58 estados e teve como objectivo promover a paz e a preservação da humanidade após os conflitos da 2ª Guerra Mundial que vitimaram milhões de pessoas.

A Declaração Universal dos Direitos do Homem enumera os direitos humanos básicos que devem assistir a todos os cidadãos.
Este dia é um dos pontos altos na agenda das Nações Unidas, decorrendo várias iniciativas a nível mundial de promoção e defesa dos direitos do homem.
O dia 10 de dezembro é também marcado pelo entrega do Prémio Nobel da Paz.

Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição.
Os direitos humanos incluem o direito à vida e à liberdade, à liberdade de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à educação, entre e muitos outros. Todos merecem estes direitos, sem discriminação.
O Direito Internacional dos Direitos Humanos estabelece as obrigações dos governos de agirem de determinadas maneiras ou de se absterem de certos atos, a fim de promover e proteger os direitos humanos e as liberdades de grupos ou indivíduos.

Desde o estabelecimento das Nações Unidas, em 1945, um de seus objetivos fundamentais tem sido promover e encorajar o respeito aos direitos humanos para todos, conforme estipulado na Carta das Nações Unidas:

Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta da ONU, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor do ser humano e na igualdade de direitos entre homens e mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla, … a Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações…”
Preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948

TEATRO DE FANTOCHES | dezembro

12 Dezembro | 10h30


As Renas do Pai Natal


HISTÓRIAS DE ENCANTAR | dezembro

5 e 19 dezembro | 10H30


Surpresa de Natal 
Nicha Alvim

sexta-feira, 22 de novembro de 2013


Semana da Ciência e da Tecnologia


Assinalando a Semana da Ciência e da Tecnologia que decorre de 18 a 24 de novembro, sugerimos alguns eventos que vão acontecer durante o fim de semana, no Porto.
Consulte http://www.cienciaviva.pt/semanact/edicao2013/eventos.asp

A todos os curiosos pelas coisas das ciências propomos, ainda, a consulta de O MOCHO, Portal de ensino das ciências e de cultura científica  e a página da Rede Nacional de Centros Ciência Viva que integra espaços de divulgação da ciência e da tecnologia no continente e nas ilhas.

A propósito...uma biografia científica

Yuri Gagarine com Sergei Korolev
O pai do Sputnik (1)
 Quando se comemoram os 50 anos do início da era espacial, que ocorreu com o lançamento do primeiro satélite, é justo lembrar o “pai do Sputnik”, o ucraniano Sergei Pavlovich Korolev.

 Em contraste com o engenheiro alemão (depois naturalizado norte-americano) Wernher von Braun, o “pai do Saturno V” e portanto o “pai da viagem à Lua”, o engenheiro Korolev não é muito conhecido. Muita gente sabe que von Braun construiu durante a Segunda Guerra Mundial as bombas voadoras V2 que, do norte da Alemanha, espalharam o terror na Inglaterra. E sabe que foi preso pelas tropas norte-americanas e levado à força para a América, onde veio a desenvolver o poderoso foguetão que levava a nave Apollo na ponta. 

 Mas pouca gente conhece a biografia de Korolev. Pouca gente sabe que, antes de dirigir o programa espacial soviético, foi apanhado numa purga de Estaline e passou a guerra internado primeiro no Gulag da Sibéria e depois num campo de prisioneiros cujo trabalho era fazer aviões. Um dos seus colegas na prisão foi outro génio da aviação – Tupolev - de nome bem conhecido. E pouca gente sabe que a ideia da ida do homem à Lua pertenceu não a von Braun nem ao Presidente Kennedy, mas sim a Korolev. Isso nunca foi assumido pelos soviéticos porque seria uma confissão de derrota depois das estrondosas vitórias de Korolev. O primeiro engenho a alunar tinha a foice e o martelo – foi a Luna 2 em 1959. E o primeiro homem no espaço foi o russo Yuri Gagarin, a bordo da Vostok em 1961. Contudo, a União Soviética não estava em condições, no final dos anos 60, de competir na corrida humana à Lua. Em 1969, nas vésperas da missão Apollo 11, von Braun ainda receava que, nesse tempo de guerra fria, houvesse uma surpresa de última hora do outro lado. Mas não houve. 

 Uma das razões para não ter havido foi a morte prematura do engenheiro-chefe. Korolev faleceu em 1966, no auge da sua carreira, durante uma operação de rotina. O Presidente Putin prestou-lhe homenagem no início deste ano, por ocasião do centenário do seu nascimento.


FIOLHAIS, Carlos - O pai do Sputnik. In DE RERUM NATURA [Em linha]. Actual. 2008. [Consult. 2013-11-21]. Disponível em URL:<http://dererummundi.blogspot.pt/2007/10/o-pai-do-sputnik.html>.


(1) Sputnik - nome do programa que produziu a primeira série de satélites artificiais soviéticos. O Sputnik 1 foi o primeiro satélite artificial da Terra. Tinha o tamanho de uma bola de basquetebol, pesava cerca de 80 quilogramas e esteve 98 minutos em órbita à volta da Terra.





 O dia 24 de Novembro é um dia especial em que se assinala o aniversário de nascimento de Rómulo de Carvalho/António Gedeão, patrono do Dia Nacional da Cultura Científica.

Rómulo de Carvalho  (1906-1997), o professor de Ciências Físico-Químicas (para muita gente mais conhecido por António Gedeão, o poeta de “Pedra Filosofal”), é um símbolo maior da cultura científica em Portugal. Além de professor de ciências e de poeta, juntando na mesma pessoa duas sensibilidades diferentes, foi um notável divulgador científico e um historiador da ciência, da pedagogia e, em geral, da cultura portuguesa.