quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Um poema...


NATAL À BEIRA-RIO

É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.
Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?

David Mourão-Ferreira

O Leituras sugere...







...para dezembro 


Laura à Procura do Pai Natal

 Klaus Baumgart


Laura e o seu irmão Pedro veem o Pai Natal da janela de sua casa. Saem a correr, atrás dele, mas acabam por ver não só um, como dois, três,... vários Pais Natal no centro comercial! O Pedro está convencido: nenhum é verdadeiro.

"O Pai Natal não existe!"
A Laura quer ajudar o Pedro a voltar a gostar do Natal. Mas como? Ela própria já não tem a certeza se acredita no Pai Natal. 
Felizmente, ela tem a sua amiga Estrela, que a pode ajudar...


Descobre como, lendo ou pedindo que te leiam esta maravilhosa história de Natal. 


Livro recomendado para apoio a projetos relacionados com o Natal na Educação Pré-Escolar, 1º e 2º ano.


Programação mensal | dezembro


terça-feira, 29 de novembro de 2016

LOUISA MAY ALCOTT

184º Aniversário


Nascida a 29 de novembro de 1832 em Filadélfia, no estado da Pensilvânia (EUA), Louisa May Alcott é uma autora americana que sonhava ser atriz mas que acabou por se tornar numa escritora incontornável no panorama da literatura juvenil. Criada com a família na Nova Inglaterra, cresceu rodeada de destacados intelectuais, tais como Nathaniel Hawthorne e Henry David Thoreau, amigos do seu pai, que era filósofo e professor. 

Falhadas as tentativas para singrar como atriz, lançou a primeira obra aos 23 anos, ‘Flower Fables’.

Em 1868 editou ‘Little Women’ (‘As Mulherzinhas’, na versão portuguesa), um romance que narra a história das quatro irmãs March, oriundas de uma família da classe média norte-americana.

O crescimento de Meg, Beth, Jo e Amy March entre 1861 e 1865, durante a Guerra Civil dos EUA, é narrado com base nos valores morais defendidos pela autora, como a dedicação cívica, o cuidar do lar, a caridade e o amor à pátria.

O romance ‘As Mulherzinhas’ tornou-se quase obrigatório como iniciação à vida adulta para as raparigas norte-americanas, algo que depois veio a generalizar-se no resto do mundo.


O livro deu ainda origem a várias adaptações para outros formatos, como filmes e séries televisivas.

Com mais de 20 obras publicadas, Louisa May Alcott teve de usar um pseudónimo masculino, A. M. Barnard, pois à época era moralmente discutível uma mulher dedicar-se à escrita.

‘Quatro raparigas’, ‘Alguns anos depois’, ‘O colégio da Ameixoeira’ e ‘Os rapazes de Maria João’ foram outros livros adaptados com sucesso no mercado português.

Além da sua notoriedade como escritora, a autora tornou-se muito popular pelas posições que assumiu em defesa da abolição da escravatura e do direito de voto para as mulheres.

Louisa May Alcott morreu a 6 de março de 1888 em Boston, no estado de Massachusetts.



sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Escritor do mês | novembro


Um poema...

Para Ti


Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo

Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que talhei
o sabor do sempre

Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só
amando de uma só vida

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas" 


sexta-feira, 4 de novembro de 2016

O Leituras sugere...







....para novembro


O Voo do Golfinho
 Ondjaki

 Ilustração: Danuta Wojciechowska


E se todos tivéssemos o dom de mudar de corpo ao longo da vida? E se voar fosse mesmo possível para todos os que sempre desejaram ter asas? Esta é a estória de um golfinho que queria ser passarinho…
Procura este livro na Biblioteca e dá asas à tua imaginação…




Livro recomendado para o 2º ano de escolaridade, destinado a leitura orientada.

Teatro de Fantoches | novembro


3, 10, 17 e 24 novembro | 10H30


O coelhinho Afonso

Luísa Ducla Soares

Histórias de Encantar | novembro


8, 15, 22 e 29 novembro | 10H30


Quem dá um abraço ao Martim?

David Melling 

Programação mensal | novembro



quinta-feira, 6 de outubro de 2016

O Leituras sugere...





...para outubro



O Menino que não Gostava de Sopa

 Cidália Fernandes


Apesar das insistências da mãe, Joãozinho recusava-se a comer a sopa. Então, um dia, quando ele olhava tristemente para o prato, um nabo, uma cenoura e uma couve verdinha resolvem falar-lhe da importância de comer legumes para crescer de uma forma saudável.  Imagine-se o espanto da mãe, quando, passado algum tempo, o Joãozinho lhe entrega o prato vazio e lhe pede mais sopa!
Uma história interessante para leres sozinho ou com os teus amigos e descobrires a importância dos legumes para a tua saúde.

Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para apoio a projetos relacionados com o corpo humano/saúde na Educação Pré-Escolar, 1º e 2º anos de escolaridade.

Um poema...

Portugal
Ó Portugal, se fosses só três sílabas,
linda vista para o mar,
Minho verde, Algarve de cal,
jerico rapando o espinhaço da terra,
surdo e miudinho,
moinho a braços com um vento
testarudo, mas embolado e, afinal, amigo,
se fosses só o sal, o sol, o sul,
o ladino pardal,
o manso boi coloquial,

a rechinante sardinha,
a desancada varina,
o plumitivo ladrilhado de lindos adjectivos,
a muda queixa amendoada
duns olhos pestanítidos,
se fosses só a cegarrega do estio, dos estilos,
o ferrugento cão asmático das praias,
o grilo engaiolado, a grila no lábio,
o calendário na parede, o emblema na lapela,
ó Portugal, se fosses só três sílabas
de plástico, que era mais barato!


Doceiras de Amarante, barristas de Barcelos,
rendeiras de Viana, toureiros da Golegã,
não há «papo-de-anjo» que seja o meu derriço,
galo que cante a cores na minha prateleira,
alvura arrendada para o meu devaneio,
bandarilha que possa enfeitar-me o cachaço.
Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,
golpe até ao osso, fome sem entretém,
perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,
rocim engraxado,
feira cabisbaixa,
meu remorso,
meu remorso de todos nós...


Alexandre O'Neill, in 'Feira Cabisbaixa'


sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Visita cultural

Alto Douro Vinhateiro

Visita à paisagem cultural do vale do Douro



No dia 17 de setembro, a Biblioteca da Fundação A LORD organizou uma visita ao Alto Douro Vinhateiro, paisagem cultural classificada, em 2001, como património da Humanidade, pela UNESCO.
A entrada nesta região fez-se por Mesão Frio, pequeno município vinhateiro onde uma pausa na viagem permitiu saborear uvas e figos da terra e admirar a paisagem.





Peso da Régua, o mais importante entreposto económico, fluvial e ferroviário da região foi o destino seguinte. Um cruzeiro no Douro, a bordo da lancha Santa Marta, permitiu contemplar a paisagem dominada pelas quintas vinhateiras, num percurso que se estendeu até às Caldas de Moledo, antiga estância termal de águas sódicas e sulfurosas.



O Miradouro de S. Leonardo de Galafura, situado a 630m acima do nível do mar, proporcionou uma das melhores vistas sobre o rio Douro e ofereceu local aprazível para o almoço. Uma pequena ermida testemunha a passagem de Miguel Torga por estas paragens que lhe serviram de inspiração.




No Pinhão, pequena povoação cujo casario se dispõe entre os rios Douro e Pinhão, mereceu visita a estação ferroviária cujos painéis de azulejos da autoria de J. Oliveira e executados na fábrica Aleluia, em Aveiro, representam os diferentes momentos da produção do vinho da região.


Continuando viagem pelo coração do Alto Douro Vinhateiro, este percurso concluiu-se com a visita à Quinta de Marrocos, na posse da família Sequeira desde o início do séc.XX. O proprietário explicou os diferentes momentos do processo de produção vinícola, desde a cultura dos terrenos ao estágio nas adegas, passando pelas vindimas, e facultou a degustação do tão afamado vinho do Porto.


Um dia e uma visita que ficarão, por certo, na memória de todos os participantes.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

O Leituras sugere...





...para setembro



Para Maiores de Dezasseis

 Ana Saldanha

O tema central do livro, embora delicado, é extremamente atual: uma rapariga de 15 anos que se envolve com um homem de 29 anos. A protagonista feminina, Dulce, é uma "Lolita" do século XXI: rapariga adolescente, antes uma criança gordinha, que se reinventa fisicamente mas que altera também o seu interior para se adaptar às pessoas com as quais se cruza. Emocionalmente uma criança, mas com corpo de mulher, utiliza o poder que a sociedade lhe dá para seduzir um homem adulto sem pensar nas consequências. O protagonista masculino, Eddie, sente o medo de ser apanhado em falta e a ilegalidade da situação, mas está viciado na excitação, no perigo e na adoração dela.
Um romance de superior qualidade literária sobre um tema candente, que encara os problemas de frente ao mesmo tempo que foge aos estereótipos.

Para ti, que já és adolescente e começas a viver novas experiências.
Procura-o na Biblioteca.
Livro recomendado para o 3º ciclo, destinado a leitura autónoma.

Um poema...

Plano

Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor
que se despeja no copo da vida, até meio, como se
o pudéssemos beber de um trago. No fundo,
como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na
boca. Pergunto onde está a transparência do
vidro, a pureza do líquido inicial, a energia
de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta
são estes cacos, que nos cortam as mãos, a mesa
da alma suja de restos, palavras espalhadas
num cansaço de sentidos. Volto, então, à primeira
hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha o copo até cima,
para que o possa erguer à luz do teu corpo
e veja, através dele, o teu rosto inteiro.

Nuno Júdice, in “Poesia Reunida” 

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Um poema...

Olhar e Sentir

Olhar e sentir
por dentro do corpo a massa de que é feito o avesso dele.
Ossos músculos nervos veias
tudo o que está no corpo e mundo é
a pintura contém e depõe na tela e
se acaso aí o pintor deixou reservas
nesse sem nada o avesso do mundo se
recolhe e mostra a face.

Júlio Pomar, in "TRATAdoDITOeFEITO" 

Júlio Pomar almoço do trolha 1946