terça-feira, 18 de setembro de 2018

Escritor do mês | setembro

Helder Moura Pereira
(1949/ )


Helder Moura Pereira nasceu em Setúbal, a 7 de janeiro de 1949. Foi professor no Ensino Secundário e Assistente da Faculdade de Letras de Lisboa (Departamento de Estudos Anglo-Americanos). No King's College da Universidade de Londres, como Leitor, ensinou Literatura Portuguesa. Lecionou também Português e Técnicas de Expressão do Português nos cursos de Formação Profissional da Faculdade de Medicina Dentária de Lisboa. Ingressou no Ministério da Educação em 1986, tendo exercido funções técnicas na área da educação de adultos, nomeadamente em animação de leitura e nos grupos de planeamento e redação da revista "Forma" e do jornal "Viva Voz". 

Foi técnico superior do Ministério da Justiça, em funções no Estabelecimento Prisional de Lisboa. 

O seu trabalho poético tem vindo a ser publicado regularmente, obtendo o reconhecimento do público e da crítica. É disso exemplo a atribuição de diversos prémios literários, entre eles o Prémio de Poesia Luís Miguel Nava e o Prémio de Literatura Casa da América Latina/Banif, este último pela sua tradução do livro "O Inútil da Família", de Jorge Edwards. De resto, a sua atividade como tradutor é também notável e tem traduzido regularmente autores como Ernest Hemingway, Jorge Luis Borges, Sylvia Plath, Charles and Mary Lamb, Sade, Guy Debord.

Em 2017, venceu o Grande Prémio de Poesia, da Associação Portuguesa de Escritores (APE), com a obra "Golpe de Teatro".

BIBLIOGRAFIA

Carta de Rumos, 1989; Nem por sombras, 1995; A Pensar Morreu um Burro e Outras Histórias, 1999; Um Raio de Sol, 2000; Os Poemas do Coelho Ramon, 2001; Lágrima, 2002; A Tua Cara Não Me é Estranha, 2004; Mútuo Consentimento, 2005; Segredos do Reino Animal, 2007; Se as Coisas não fossem o que são, 2010; Pela Parte que me Toca, 2013; A Borbulha no rabo, 2013; Eu Depois Inventei o Resto, 2013; Golpe de Teatro, 2016.





Escrevias pela Noite Fora

Escrevias pela noite fora. Olhava-te, olhava 
o que ia ficando nas pausas entre cada 
sorriso. Por ti mudei a razão das coisas, 
faz de conta que não sei as coisas que não queres 
que saiba, acabei por te pensar com crianças 
à volta. Agora há prédios onde havia 
laranjeiras e romãs no chão e as palavras 
nem o sabem dizer, apenas apontam a rua 
que foi comum, o quarto estreito. Um livro 
é suficiente neste passeio. Quando não escreves 
estás a ler e ao lado das árvores o silêncio 
é maior. Decerto te digo o que penso 
baixando a cabeça e tu respondes sempre 
com a cabeça inclinada e o fumo suspenso 
no ar. As verdades nunca se disseram. Queria 
prender-te, tornar a perder-te, achar-te 
assim por acaso no meu dia livre a meio 
da semana. Mantêm-se as causas iguais 
das pequenas alegrias, longe da alegria, a rotina 
dos sorrisos vem de nenhum vício. Este abandono 
custa. Porque estou contigo e me deixas 
a tua imagem passa pelas noites sem sono, 
está aqui a cadeira em que te sentaste 
a escrever lendo. Pudesse eu propor-te 
vida menos igual, outras iguais obrigações. 
Havias de rir, sair à rua, comprar o jornal. 

Helder Moura Pereira


sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Um poema...


Canção de Outono

Perdoa-me, folha seca, 
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.
De que serviu tecer flores
pelas areias do chão
se havia gente dormindo
sobre o próprio coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.

E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando aqueles
que não se levantarão...

Tu és folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
E vou por este caminho,
certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...

Cecília Meireles                  


terça-feira, 11 de setembro de 2018

O Leituras sugere...





...para setembro 


PLANTAR UM BEIJINHO
Amy Krouse Rosenthal



A menina jamais poderia imaginar que um pequeno ato de amor se pudesse transformar em algo tão especial e deslumbrante, mas foi o que aconteceu nesta história maravilhosa sobre a vida, a generosidade e a partilha. 

Recomendado para crianças até aos 6 anos.