terça-feira, 14 de setembro de 2021

Escritor do mês | setembro

 Lénia Rufino

(1979/)

O meu mar é o das palavras.

Escrevo porque não sei viver de outra forma. Escrevo porque tenho dentro de mim inúmeras histórias que precisam de ser contadas.

Talvez fosse feliz a fazer outra coisa qualquer. Mas escrever é a única coisa que me imagino a fazer para sempre.

Lénia Rufino



Continuamos a apresentação de algumas jovens escritoras portuguesas que têm vindo a destacar-se no panorama literário português.

Lénia Rufino nasceu em 1979, em Lisboa. Cresceu nos subúrbios, rodeada de livros. Estudou Publicidade e Marketing, mas devia ter estudado Psicologia Criminal, a sua grande paixão a par da escrita. Aos dez anos escreveu o seu primeiro conto e decidiu que, um dia, haveria de ser escritora. Demorou trinta e dois anos a conseguir.

Publicou vários contos no DNJovem e lamenta a extinção desta plataforma de divulgação de novos talentos. É autora de blogues desde 2003. Colabora com o Repórter Sombra (www.reportersombra.com), onde publica contos. 

É possível seguir o trabalho da autora no site http://www.leniarufino.pt/

O Lugar das Árvores Tristes é o seu primeiro romance.


Um romance de estreia profundamente sagaz e envolvente que faz um retrato do interior português preso na tradição religiosa da década de 1970.

O Leituras sugere...

 



...para setembro


Ser Pequeno na Cidade

Sydney Smith


Pode ser um pouco assustador estarmos sós na grande cidade. Há sempre movimento, muito barulho, pessoas que andam apressadas, animais e lugares que nos metem medo…

Mas há sempre uma maneira de chegarmos mais tranquilos e seguros para junto daqueles que gostam de nós.

Da partilha da sensação de ser pequenino na grande cidade às dicas e conselhos a quem também se pode estar a sentir assim perdido e desamparado, este é um livro que traduz esse sentimento que é real e que todos, em alguma altura da nossa vida, já sentimos.

(9-11 anos)

Um poema...

ESTA NOITE

 

«os teus poemas sobre miúdas ainda andarão por cá

cinquenta anos depois de elas já terem desaparecido»,

disse-me o meu editor ao telefone.

 

caro editor:

acho que as miúdas já não andam

por cá.

 

mas dêem-me uma mulher verdadeiramente viva

esta noite

a cruzar o soalho na minha direcção

 

e podem ficar com os poemas todos

 

os bons

os maus

ou qualquer um que escreva

depois deste.

 

percebo o que queres dizer.

 

percebes o que quero dizer?

 

SEM SORTE PARA ISSO

 

há um lugar no coração que

nunca será preenchido

 

um espaço

 

e mesmo nos melhores

momentos

e

nas mais gloriosas

épocas

 

sabê-lo-emos

mais do que

nunca

 

nunca será preenchido

 

e

 

aguardaremos e

aguardaremos

 

nesse

lugar.

Charles Bukowski, Sobre o Amor (Dois poemas inéditos)