terça-feira, 25 de março de 2014

Vamos ao teatro




   Numa iniciativa da Biblioteca da Fundação A LORD, o TEATRO ARAMÁ - grupo nascido no Porto em 1995 - trouxe até ao Auditório o seu espetáculo TÃO ESTRANHAMENTE EU, com textos da obra ortónima e heterónima de Fernando Pessoa.

   Esta iniciativa, direcionada para os alunos do ensino secundário do Agrupamento de Escolas de Lordelo, inseriu-se no programa de apoio e complemento curricular dinamizado pela Biblioteca.

“Não sei quantas almas tenho” –  Fernando Pessoa. É sob este mote que o espetáculo se desenvolve. As características de cada heterónimo, Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos, assim como do criador, o ortónimo, compõem um conjunto de quadros onde o universo pessoano vai desfilando na sua diversidade e complexidade.

   "Tão Estranhamente Eu", encenado por Tó Maia, mergulha o espectador num mundo onde sensações, sentimentos e construções labirínticas do pensamento se entrecruzam num espetáculo onde o trabalho dos atores e a encenação ganham relevo.



sexta-feira, 21 de março de 2014

DIA MUNDIAL DA POESIA

   No Dia Mundial da Poesia, divulgamos o haiku, uma forma de poesia originária do Japão, mais tarde absorvida por outras culturas e línguas.


   O haiku deriva duma forma anterior de poesia, em voga no Japão entre os séculos IX e XII, designada por tanka; tinha 5 versos, de 5 e 7 sílabas, que tratavam temas religiosos ou ligados à corte.

   O haiku é uma forma de poesia breve, bela e simples. Tem três versos curtos, sem rima, que apresentam, respetivamente, 5, 7 e 5 sílabas métricas japonesas. A métrica japonesa assenta essencialmente no elemento duração. 

   O haiku expressa sempre uma perceção da natureza captada pelos sentidos.


Bashô Matsuo (1644 – 1694), considerado o primeiro e maior poeta japonês de haiku, nasceu samurai e adotou a simplicidade, tanto na vida como na criação poética.

Enriqueceu o haiku, superando a artificialidade de poetas anteriores e tornando-o artística e socialmente aceite. A par de poemas de caráter lúdico, começou a valorizar o papel do pensamento no haiku, imprimindo-lhe o espírito do budismo zen.

Versátil, os seus poemas sugeriam os mais variados estados de espírito: humor, depressão, euforia, confusão,... permitindo uma consciência da grandiosidade da natureza ( física e humana ).

Este caminho
Ninguém já o percorre,
Salvo o crepúsculo. 


De que árvore florida
Chega? Não sei.
Mas é seu perfume.


“O haiku é mais do que uma forma de poesia; é uma forma de ver o mundo. Cada haiku capta um momento de experiência; um instante em que o simples subitamente revela a sua natureza interior e nos faz olhar de novo o observado, a natureza humana, a vida”.

 (A. C. Missias, biólogo e poeta americano)

Sob as amendoeiras em flor
Agita-se e fervilha
a humanidade 

Matsuo Bashô


Apaixonado
O gato esquece o arroz
Colado aos bigodes

Tan Taigi 


Borboleta que bates as asas  
Sou como tu –
Poeira de ser!

Kobayashi Issa 

      O haiku  exige uma atenção aos mais pequenos eventos da natureza objetiva e imediata; uma permanente atitude de espanto perante o fenómeno da natureza.

   De referir que, no Oriente, o conceito de união entre o homem e a natureza é diferente do ocidental: o homem também é a natureza, por isso, o conceito de união remete para aquele momento específico em que o homem reconhece essa natureza a que ele também pertence.

Ah cuco! 
Aumentas mais ainda
A minha solidão!

Matsuo Bashô 



A libélula vermelha
Abre
A estação do Outono


Kaya Shirao 



Apagada a  luz
as estrelas frescas 
Entram pela janela

Natsume Soseki 



Se pudesse morrer
Antes que o orvalho seque -
Seria perfeito

Ozaki Kôyô 

   O haiku foi absorvido por outras culturas e línguas, tendo ganho popularidade em diversas regiões do mundo durante o século XX, nomeadamente no Brasil, América, Canadá, França, Índia e alguns países dos Balcãs.

   O haiku (frequentemente designado por haicai pelos poetas de expressão portuguesa) chegou ao Ocidente, quer pela via da imigração japonesa, quer pelo fascínio que o Oriente foi gradualmente exercendo sobre os ocidentais e que culminou, no caso da literatura portuguesa, no exotismo presente em textos simbolistas de final de século (Venceslau de Morais e Camilo Pessanha).

   O haiku ocidental apresenta diferenças do tradicional japonês, principalmente no aspeto formal. Naturalmente, a especificidade da língua japonesa  (o léxico, a sonoridade e o próprio conceito de sílaba métrica) inviabiliza qualquer reprodução fiel nas línguas ocidentais, surgindo mesmo distintas traduções para um mesmo poema. 

   A poesia de Eugénio de Andrade (1923 - 2005), poeta que nunca se integrou em qualquer movimento literário específico, caracteriza-se pelo valor dado à palavra, à imagem, à musicalidade, aproximando-o, entre outros, do simbolismo de Camilo Pessanha. Surge por vezes a analogia entre as idades do homem e as estações do ano e, através de descrições ou evocações físicas, tenta versar a plenitude da vida, a pluralidade dos instantes. São muitos os poemas breves ou de versos curtos, aparentemente simples, mas de grande profundidade:

Tocar um corpo
e o ar
e a língua de neve.
Tocar a erva
mortal e verde 
de cinco noites
e o mar.
Um corpo nu.
E as praias fustigadas
pelo sol e o olhar.



As palavras, vício
torpe, antigo.
As últimas? As primeiras?
Como os ouriços
abrem-se ao rumor do mundo:
o sol ainda verde dos limões,
os esquilos
doutras tardes, o latido
da chuva nas janelas,
os velhos em redor do lume 
- nunca foram tão belas.


     Albano Martins  (1930 -), atualmente professor universitário no Porto, tem-se distinguido particularmente no campo da poesia, do ensaio e da tradução. A sua obra poética caracteriza-se pelo encontro equilibrado entre a contenção (forma breve e linguagem depurada) e o poder imagético da palavra (suas inúmeras possibilidades associativas e metafóricas):

 O ritmo 
 do universo
 cabe,
 inteiro,
 na pupila
 dum verso.


   Em 1995, editou poesia haiku de sua autoria, sob o título “Com as flores do salgueiro – Homenagem a Bashô”. Aqui se transcrevem algumas composições:


Um pássaro
no ninho: uma gaiola
perfeita.
 
Crepúsculo. Gaivotas
em repouso velam 
o cadáver do sol.
 

Uma concha bivalve:
borboleta do mar,
de asas fechadas.








Jogo de sedução
entre o vento e as folhas.
Prazer volátil.
 
Juncos em movimento.
Os cabelos da água
penteados pelo vento.
 
Borrão azul
na brancura da página:
o poema. 


quinta-feira, 20 de março de 2014

O MEU PÉ DE LARANJA LIMA no cinema

Este livro conta-nos a história comovente do menino Zezé, de seis anos, um rapaz pobre, inteligente, sensível e carente. Com a falta de afeto que não encontra na família, o endiabrado rapaz vai fazendo mil travessuras. Zezé aprende tudo sozinho, é o descobridor das coisas. Descobre a ternura e o carinho no amigo Portuga. Inventa para si um mundo de fantasias em que o grande confidente é o Xururuca, o pé de Laranja Lima. Mas a vida ensina-lhe tudo demasiado cedo, e Zezé descobre o que é a dor e a saudade.

Publicado em 1968, “O Meu Pé de Laranja Lima”, de José Mauro de Vasconcelos, é até hoje o livro mais vendido no Brasil e um dos livros recomendados pelo Plano Nacional de Leitura em Portugal. O filme baseado nesta obra literária é uma fascinante e emocionante história de amor e amizade. Chega aos cinemas portugueses hoje dia 20 de março. 


As escolas terão acesso a sessões a preços mais reduzidos. Para mais informações, deverão entrar em contacto com o cinema ou auditório da localidade. 




quarta-feira, 19 de março de 2014

DIA DO PAI


O Dia do Pai é uma celebração anual que pretende homenagear os pais.

Celebra-se no dia de São José, santo popular da igreja católica. São José foi marido de Maria, mãe de Jesus Cristo.

A tradição aconselha que seja entregue uma prenda ao pai para reconhecer e homenagear o seu papel de pai. As crianças costumam oferecer prendas simbólicas como trabalhos manuais, músicas e poemas que fazem na escola.

A celebração da data varia de país para país. Além de Portugal, também celebram o Dia do Pai no dia 19 de março, Espanha, Itália, Andorra, Bolívia, Honduras e Liechtenstein.

Existem duas histórias sobre a origem do Dia do Pai:
1. A instauração do Dia do Pai teve origem nos Estados Unidos da América, em 1909. Sonora Luise, filha de um militar, resolveu criar o Dia dos Pais motivada pela admiração que sentia pelo seu pai, William Jackson Smart. A festa foi ficando conhecida em todo o país e, em 1972, o presidente americano Richard Nixon oficializou o Dia dos Pais.

2. Na Babilónia, em 2000 A.C., um rapaz de nome Elmesu escreveu numa placa de argila uma mensagem para o seu pai, desejando-lhe saúde, felicidade e muitos anos de vida.

Fonte: http://www.calendarr.com/portugal/dia-do-pai/

Para este dia, a Biblioteca da Fundação A LORD recomenda uma história para os mais pequenos:

«Pê de Pai»



Andy Mckee - "For My Father" (para o meu Pai)





ATELIÊ DE OLARIA | 2014

Cumprindo a tradição, o Ateliê de Olaria voltou a animar a Biblioteca, no mês de fevereiro. As oito sessões dinamizadas pela Maria Fernanda Braga, prestigiada ceramista e nossa colaboradora de longa data, foram direcionadas para dois públicos distintos: de manhã, para as crianças dos jardins de infância de Soutelo – Lordelo, de Monte – Mouriz, de Pulgada – Aguiar de Sousa, de Trás-de-Várzea e do Centro Escolar de Mouriz e, à tarde, para um grupo de senhoras frequentadoras de ateliers anteriores e que continuam a evidenciar interesse e gosto por esta arte.

Para descrever, resumidamente, estas sessões, eis o testemunho da mestre ceramista:

" Utilizando a matéria com que Deus criou o primeiro Homem, os nossos jovens aprendizes de oleiro puderam explorar este material com muito entusiasmo. 
Amassar, esticar, rolar, colar e finalmente modelar, foram novas experiências vividas com o barro.
O desafio lançado foi o de modelar uma andorinha, inspiração para que a Primavera nos venha visitar com a brevidade possível! "

Mas, se para os mais pequenos a proposta foi mais simples, às senhoras pediu-se mais criatividade:

"Trabalhar com o barro é a única Arte em que os 4 elementos da natureza estão presentes: o Ar, a Terra, a Água e o Fogo. Só em harmonia com os 4 elementos, podemos chegar a um resultado positivo: modelar peças lindas!
Este grupo de 12 senhoras explorou o barro sem receios e com muita inspiração.
Tendo como base os instrumentos musicais, podemos modelar muitas peças, desde as tradicionais flautas aos apitos, com formas muito divertidas. Depois de cozidas, novo desafio: pintar para depois as experimentar, tentando produzir sons divertidos."

As fotos ajudam a compreender o entusiasmo, o empenhamento e a satisfação de todos ao olharem as peças saídas das suas mãos.


JI de Soutelo - Lordelo

Centro Escolar de Mouriz

JI de Monte + Centro Escolar de Mouriz 
JI de Pulgada + JI de Trás-de-Várzea

Sessão de tarde

terça-feira, 11 de março de 2014

A propósito da leitura...


Um poema...

PEQUENO POEMA

Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.

Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve Estrelas a mais …
Somente,
Esquecida das dores,
A minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.

As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém …

Pra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe …


Sebastião da Gama, in Serra-Mãe, Lisboa, Edições Ática, 2000




Escritor do mês | março


sexta-feira, 7 de março de 2014

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

8 de março


UM DIA
Um dia partirei, muito cansada,

com as lembranças cingidas ao meu peito
e uma voz de saudade e de nortada.

Levarei voz para gemer de espanto.
Levarei mãos para dizer adeus…
Olhos de espelho, e não olhos de pranto,
eu levarei. Os olhos serão meus?

Um dia partirei, talvez manhã.
Uma canção de amor virá das dunas.

De finas pernas, seguirei a margem
límpida, boa, enorme, no ribeiro
de água discreta a reflectir miragem,
braços de ramos, gestos de salgueiro.

Um dia partirei, muito diferente,
Enfim, aquela que jamais eu fora!
E os de cá hão-de achar que vou contente.

Natércia Freire

quinta-feira, 6 de março de 2014

O LEITURAS SUGERE…






....para março



Poesia para todo o ano

Seleção e prefácio de Luísa Ducla Soares

Luísa Ducla Soares, escritora que se dedica especialmente à literatura infantojuvenil,  selecionou os textos que integram Poesia para todo o ano.

Há poemas simplesmente matemáticos, poemas sobre a natureza, o corpo humano, os valores e os sentimentos, a História de Portugal, as festividades, entre outros, e belas ilustrações que os acompanham. Cada um dos doze capítulos é ilustrado por um artista diferente.

Vais gostar de ler! Pede aos teus pais ou professores que te ajudem a escolher os poemas adequados à tua idade.

Deixamos-te aqui um dos muitos poemas incluídos neste livro. 


                                  O cogumelo
Por que é que um cogumelo

Nunca tira o chapéu?

É porque não tem cabelo,

Ou será porque tem medo

Que lhe caia em cima o céu?     

Jorge Sousa Braga, Herbário, Assírio & Alvim, 2007


Esta antologia, destinada especialmente a crianças do 1.º ciclo do ensino básico, é também um apoio para pais e professores que vai estimular nos mais novos o gosto pela leitura.

Através dos mais reconhecidos poetas do passado e contemporâneos, abrange temáticas abordadas nos quatro primeiros anos de escolaridade, procurando estimular o prazer de ler e o gosto pela poesia e pela língua portuguesa.



TEATRO DE FANTOCHES | março

13 e 27 MARÇO | 10H30

tAL pAI, tAL fILHO
cOLEÇÃO pROVÉRBIOS DE SEMPRE


HISTÓRIAS DE ENCANTAR | março

6 E 20 MARÇO | 10H30
a VELHA E O SEU PORCO 
aDAPT. jOSEPH jACOBS