quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Um poema...

EU NÃO VOU PERTURBAR A PAZ

 

De tarde um homem tem esperanças.

Está sozinho, possui um banco.

De tarde um homem sorri.

Se eu me sentasse a seu lado

Saberia de seus mistérios

Ouviria até sua respiração leve.

Se eu me sentasse a seu lado

Descobriria o sinistro

Ou doce alento de vida

Que move suas pernas e braços.

 

Mas, ah! eu não vou perturbar a paz que ele depôs na praça, quieto.

 

Manoel de Barros, Poesia Completa










Manoel Wenceslau Leite de Barros (Cuiabá, 19 de dezembro de 1916 — Campo Grande, 13 de novembro de 2014) foi advogado, fazendeiro e poeta. Escreveu o seu primeiro poema aos 19 anos, mas a sua revelação poética ocorreu aos 13 anos de idade quando ainda estudava no Colégio São José dos Irmãos Maristas, Rio de Janeiro.

Autor de várias obras pelas quais recebeu prémios, como o Prémio Orlando Dantas, em 1960, conferido pela Academia Brasileira de Letras ao livro Compêndio para Uso dos Pássaros.

Em 1969 recebeu o Prémio da Fundação Cultural do Distrito Federal pela obra Gramática Expositiva do Chão e, em 1997, o livro Sobre Nada recebeu um prémio de âmbito nacional.

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