quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Escritor do mês | outubro

 M. G. FERREY


Licenciada em Psicologia Clínica, especialidade na qual trabalhou durante dez anos, e com formação em áreas como Consultoria de Imagem (na Uptodate Fashion Academy em Milão) e Escrita Criativa (em Londres), M.G. Ferrey foi fazendo o seu percurso profissional sempre com o desejo de escrever histórias que pudessem transportar os leitores para outros mundos. E assim nasceu ‘Aquorea’. “Este livro é sobre uma rapariga, Ara, que encontra o sentido da sua vida no sítio onde menos espera. No dia em que morre é que começa realmente a viver. É um livro de fantasia, para jovens adultos, onde as coisas mais fantásticas, inimagináveis e muitas vezes dolorosas, acontecem às personagens”, esclarece a autora. “Claro que, se quisermos, podemos extrapolar isso para o nosso quotidiano, porque todos nós passamos por momentos de dúvida, decisões difíceis, medos, insegurança, etc. Também o facto de ser licenciada em psicologia permitiu-me abordar temas bastante pertinentes e atuais como a amizade, família, dependências, depressão, luto e as diferentes formas de lidar com eles”, acrescenta.

 

Sobre as suas fontes de inspiração, a autora nomeia “o amor pelo mar, pela descoberta e pelo desconhecido. Adoro viajar, conhecer e aprender a fazer coisas novas. Talvez por isso a criação de novos mundos me fascine tanto”.

 

Como que a confirmar esta afirmação, M.G. Ferrey já está a trabalhar no segundo volume de ‘Aquorea’. “O segundo livro é muito importante, não só pela continuação da história e desfecho de algumas situações, como também pelo crescimento das personagens. São jovens que estão no início da idade adulta e há muito para acontecer e para revelar”, assegura.

 

Aquorea – Inspira é o primeiro livro de uma coleção cheia de fantasia e romance.


Passava da meia-noite quando Anadir pegou nos objetos que reunira durante a tarde e os guardou na mochila impermeável castanho-escura: um pequeno álbum de fotografias com imagens da fachada de sua casa, do seu filho — ainda bebé, na adolescência e no dia do casamento —, das suas netas também em diferentes idades; um perfume Chanel n.º 5 na embalagem original com o invólucro ainda inviolado; o livro Grandes Esperanças, de Charles Dickens; e o seu companheiro de sempre — um cachimbo Tankard, de madeira, que comprara com o primeiro salário recebido como chefe de equipa.

Olhou em volta e sentiu um enorme pesar por saber que não voltaria a ver aquela casa nem as árvores frondosas em redor. Não mais sentiria o ar fresco do rio entrar pelas janelas, nem voltaria a contemplar noites estreladas. A Casa de Musgo fora construída pelos seus avós, que a haviam deixado aos seus pais, e que ele herdara. Era uma casa humilde, construída com barro, tijolos finos e grande dedicação. Na parte da frente houvera em tempos um pequeno jardim; agora era apenas a continuação da floresta, com três degraus largos que davam acesso a um alpendre.

Anadir fechou os olhos e inspirou profundamente, sendo tomado por uma comoção. Mas a sua decisão estava tomada. Só a adiara por causa das netas.

Aquorea – Inspira, pág.9

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