M. G. FERREY
Licenciada
em Psicologia Clínica, especialidade na qual trabalhou durante dez anos, e com
formação em áreas como Consultoria de Imagem (na Uptodate Fashion Academy em
Milão) e Escrita Criativa (em Londres), M.G. Ferrey foi fazendo o seu percurso
profissional sempre com o desejo de escrever histórias que pudessem transportar
os leitores para outros mundos. E assim nasceu ‘Aquorea’. “Este livro é sobre
uma rapariga, Ara, que encontra o sentido da sua vida no sítio onde menos
espera. No dia em que morre é que começa realmente a viver. É um livro de
fantasia, para jovens adultos, onde as coisas mais fantásticas, inimagináveis e
muitas vezes dolorosas, acontecem às personagens”, esclarece a autora. “Claro
que, se quisermos, podemos extrapolar isso para o nosso quotidiano, porque
todos nós passamos por momentos de dúvida, decisões difíceis, medos,
insegurança, etc. Também o facto de ser licenciada em psicologia permitiu-me
abordar temas bastante pertinentes e atuais como a amizade, família,
dependências, depressão, luto e as diferentes formas de lidar com eles”,
acrescenta.
Sobre
as suas fontes de inspiração, a autora nomeia “o amor pelo mar, pela descoberta
e pelo desconhecido. Adoro viajar, conhecer e aprender a fazer coisas novas.
Talvez por isso a criação de novos mundos me fascine tanto”.
Como
que a confirmar esta afirmação, M.G. Ferrey já está a trabalhar no segundo
volume de ‘Aquorea’. “O segundo livro é muito importante, não só pela
continuação da história e desfecho de algumas situações, como também pelo
crescimento das personagens. São jovens que estão no início da idade adulta e
há muito para acontecer e para revelar”, assegura.
Aquorea
– Inspira é o primeiro livro de uma coleção cheia de fantasia e romance.
Passava
da meia-noite quando Anadir pegou nos objetos que reunira durante a tarde e os
guardou na mochila impermeável castanho-escura: um pequeno álbum de fotografias
com imagens da fachada de sua casa, do seu filho — ainda bebé, na adolescência e
no dia do casamento —, das suas netas também em diferentes idades; um perfume
Chanel n.º 5 na embalagem original com o invólucro ainda inviolado; o livro
Grandes Esperanças, de Charles Dickens; e o seu companheiro de sempre — um
cachimbo Tankard, de madeira, que comprara com o primeiro salário recebido como
chefe de equipa.
Olhou
em volta e sentiu um enorme pesar por saber que não voltaria a ver aquela casa
nem as árvores frondosas em redor. Não mais sentiria o ar fresco do rio entrar
pelas janelas, nem voltaria a contemplar noites estreladas. A Casa de Musgo
fora construída pelos seus avós, que a haviam deixado aos seus pais, e que ele herdara.
Era uma casa humilde, construída com barro, tijolos finos e grande dedicação.
Na parte da frente houvera em tempos um pequeno jardim; agora era apenas a
continuação da floresta, com três degraus largos que davam acesso a um
alpendre.
Anadir
fechou os olhos e inspirou profundamente, sendo tomado por uma comoção. Mas a
sua decisão estava tomada. Só a adiara por causa das netas.
Aquorea – Inspira, pág.9
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