IRIS
BRAVO
(1978/)
Nasceu
em Lisboa em 1978. Licenciou-se em Medicina na Universidade de Lisboa e fez a
especialidade de Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Garcia de Orta, onde se
diferenciou em Infertilidade e Procriação Medicamente Assistida. Divide-se
entre a família, a Medicina e livros de todos os géneros. É uma leitora
compulsiva e apaixonada por histórias desde que se conhece. O seu primeiro
romance, A Terceira Índia, ficou entre os mais votados no ano de 2020 no Book
Gang, uma comunidade com mais de 20 mil leitores.
Íris Bravo: "Tentei demonstrar o poder decisivo das mulheres para mudar o mundo"
Em entrevista à FNAC, Íris Bravo explica como o seu trabalho enquanto médica ginecologista a inspirou a tornar-se romancista.
A Íris é médica de profissão, especializada em ginecologia e obstetrícia. Como surgiu a vontade de escrever?
Não foi planeado, foi um impulso do momento. Decidi criar uma história em que o ponto de partida fosse o fracasso da “minha Medicina”, como uma espécie de homenagem às mulheres com infertilidade que não alcançaram a tão desejada gravidez.
Iniciou essa história em A Terceira Índia e, mais recentemente, continuou-a em A Nova Índia. Em ambos os livros, a protagonista é uma mulher que sofre com o tal "fracasso da sua Medicina". Podemos concluir que a sua profissão influenciou esta criação?
A minha profissão influenciou a construção da Sofia, sobretudo na forma como ela lida com a infertilidade, o seu sofrimento por não conseguir constituir a família com que sonhou, a persistência em relação aos tratamentos e o desgaste na relação com o marido. Essas características da Sofia foram inspiradas nas conversas que tive ao longo dos anos com as minhas doentes.
Depois, a história ganhou asas e, a partir de certo ponto, a minha profissão deixou de ter tanta influência.
Também se inspirou nas suas experiências para criar a Dra. Margarida, a médica obstetra que acompanha a Sofia ao longo da história?
Não, inspirei-me numa colega e amiga de quem gosto muito. Ela encaixava perfeitamente na personagem que queria para obstetra da Sofia.
Em Moçambique, a Sofia enfrenta um problema que sabemos que é uma terrível realidade: o tráfico humano. Porque decidiu abordar este tema?
Porque me choca brutalmente, por afetar sobretudo mulheres e crianças inocentes que muitas vezes são apanhadas nas malhas destas redes quando tentam escapar da pobreza e da fome.
A sua vulnerabilidade extrema e desespero, que deveriam provocar compaixão, são usados precisamente para as atrair e explorar das formas mais horríveis. É um crime de uma desumanidade atroz e monstruosa.
A Íris dedica A Nova Índia às "muitas mulheres corajosas que conheceu". Gostaria que a história de Sofia empoderasse as mulheres que a lerem?
Gostaria e ficaria orgulhosa. Tentei que os meus livros não só celebrassem a coragem no feminino, mas também demonstrassem o poder decisivo das mulheres para mudar o mundo.
Depois de dois livros, a vontade de escrever continua acordada? Já está a planear a próxima obra?
Sim, penso que lhe tomei o gosto e não vou parar. Já tenho outro livro meio escrito, com um contexto e personagens completamente diferentes, mas que também terá como protagonista uma mulher muito corajosa.
Pensa em dedicar-se à escrita a tempo inteiro?
Penso continuar a escrever, mas não me imagino a deixar de exercer Medicina. Adoro o que faço e faz parte de quem eu sou. Vou continuar a conciliar as duas tarefas.
Entrevista: Inês Pereira
Fonte: Estante FNAC ( 29/04/2021)
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