Felizes. Porque, ao fundo de si mesmos,
cheios andam de quanto vão pensando.
E, disso cheios,
nada mais sabem. Dão para aquele lado
onde o mundo acabou, mas resta o eco
de o haverem pensado até ao cabo
e irem agora criar o movimento
que subsiste no tempo
de o mundo ainda estar a ser criado.
Por isso são felizes. Foram sendo
até, perdido o tempo, só em memória o estarem [habitando.
Fernando Echevarría, in "Figuras"
O prémio literário Casino da Póvoa foi
atribuído, no dia 26 de fevereiro, na 16.ª edição do festival
Correntes d’Escritas, ao poeta Fernando Echevarría pelo seu livro de
poemas Categorias e Outras Paisagens. O júri, salientou que o livro
de Echevarría “constrói uma poética da lucidez e do rigor num trabalho de
grande apuro reflexivo” e constitui “um monumento à capacidade de dizer o
indizível no limite das palavras”. O poeta já recebera o Grande Prémio de
Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, o Prémio António Ramos Rosa, o
Prémio Fundação Luís Miguel Nava e o Prémio Dom Dinis.
Poeta espanhol de origem portuguesa, Fernando Ferreira Echevarría nasceu a
26 de fevereiro de 1929, em Cabezón de la Sal, Santander, Espanha. Veio para
Portugal ainda muito novo, tendo cursado Humanidades em Portugal, e Filosofia e
Teologia em Espanha. Optou pela carreira docente, primeiro no Porto e depois,
já exilado em Paris, onde passou a residir desde meados de 1966, após ter
estado em Argel entre 1963-1966.
A poesia de Echevarría insere-se na corrente
antirrealista dos anos 50 do século XX, marcada sobretudo pela sensibilidade
metafísica e artística e pelo "imaginismo".
A sua poesia encontra-se, entre outras,
nas seguintes antologias portuguesas: Antologia - Prémio Almeida Garrett de
1954, Alma Minha Gentil, Líricas Portuguesas; 20 Anos
de Poesia Portuguesa; Poetas escolhem Poetas e Eros
de Passagem - Poesia Erótica Contemporânea.
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