A
data celebra a revolta dos militares portugueses, que a 25 de abril de 1974
levaram a cabo um golpe de Estado militar com o objetivo de acabar com a
ditadura imposta por Salazar durante 41 anos.
O
símbolo do dia 25 de abril é o cravo, porque nesse dia uma mulher ofereceu
cravos aos soldados em sinal de agradecimento. Em comemoração, os soldados
colocaram as flores recebidas nos canos das suas armas, o que representava a
vitória praticamente sem violência.
Desta
forma, o dia 25 de abril é conhecido como o Dia da Liberdade em Portugal e o
dia da Revolução dos Cravos, sendo um feriado nacional onde se recorda a
importância da liberdade no país.
POEMAS
DE ABRIL
Este
dia é um canteiro
com flores todo o ano
e veleiros lá ao largo
navegando a todo o pano.
E assim se lembra outro dia febril
que
em tempos mudou a história
numa
madrugada de abril,
quando
os meninos de hoje
ainda
não tinham nascido
e
a nossa liberdade
era
um fruto prometido,
tantas
vezes proibido,
que
tinha o sabor secreto
da
esperança e do afecto
e
dos amigos todos juntos
debaixo
do mesmo tecto.
José
Jorge Letria in O livro dos dias
CANTIGA
DE ABRIL
«Não
hei-de morrer sem saber qual a cor da liberdade»
J.
de S.
Qual a cor da
liberdade?
É verde, verde
e vermelha.
Quase, quase
cinquenta anos
reinaram neste
pais,
e conta de
tantos danos,
de tantos
crimes e enganos,
chegava até à
raiz.
Qual a cor da
liberdade?
É verde, verde
e vermelha.
Tantos
morreram sem ver
o dia do
despertar!
Tantos sem
poder saber
com que letras
escrever,
com que
palavras gritar!
Qual a cor da
liberdade?
É verde, verde
e vermelha.
Essa paz de
cemitério
toda prisão ou
censura,
e o poder
feito galdério.
sem limite e
sem cautério,
todo embófia e
sinecura.
Qual a cor da
liberdade?
É verde, verde
e vermelha.
Esses ricos
sem vergonha,
esses pobres
sem futuro,
essa emigração
medonha,
e a tristeza
uma peçonha
envenenando o
ar puro.
Qual a cor da
liberdade?
É verde, verde
e vermelha.
Essas guerras
de além-mar
gastando as
armas e a gente,
esse morrer e
matar
sem sinal de
se acabar
por politica
demente.
Qual a cor da
liberdade?
É verde, verde
e vermelha.
Esse perder-se
no mundo
o nome de
Portugal,
essa amargura
sem fundo,
só miséria sem
segundo,
só desespero
fatal.
Qual a cor da
liberdade?
É verde, verde
e vermelha.
Quase, quase
cinquenta anos
durou esta
eternidade,
numa sombra de
gusanos
e em negócios
de ciganos,
entre mentira
e maldade.
Qual a cor da
liberdade?
É verde, verde
e vermelha.
Saem tanques
para a rua,
sai o povo
logo atrás:
estala enfim
altiva e nua,
com força que
não recua,
a verdade mais
veraz.
Qual a cor da
liberdade?
É verde, verde
e vermelha.
26-28(?)/4/1974
Obras de Jorge de Sena
"40 anos de servidão"
Edições 70, 1989
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