terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Um poema...

 DEVAGAR

 

Nada entre nós tem o nome da pressa.

Conhecemo-nos assim, devagar, o cuidado

traçou os seus próprios labirintos. Sobre a pele

é sempre a primeira vez que os gestos acontecem. Porém,

 

se se abrir uma porta para o verão, vemos as mesmas coisas –

o que fica para além da planície e da falésia; a ilha,

um rebanho, um barco à espera de partir, uma palavra

que nunca escreveremos. Entre nós

 

o tempo desenha-se assim, devagar.

Daríamos sempre pelo mais pequeno engano.

 

Maria do Rosário Pedreira, Poesia Reunida

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