Tinha nevado. Lembro-me
de música saindo de uma janela aberta.
Vem a mim, dizia o mundo.
Não significa
que o fizesse com frases
mas era assim que eu intuía a beleza.
Aurora. Uma película de humidade
sobre cada ser vivo. Poças de luz fria
formavam-se nas sarjetas.
Eu esperava
na soleira,
por mais ridículo que pareça agora.
O que outros encontravam na arte,
encontrava eu na natureza. O que outros
encontravam
no amor humano, encontrava eu na natureza.
Muito simples. Mas não havia nenhuma voz ali.
Louise Glück, Averno
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