quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Escritor do mês | outubro

LÍDIA JORGE

(1946/)

40 anos de vida literária



Romancista, contista e autora de uma peça de teatro, Lídia Guerreiro Jorge nasceu em Boliqueime em 1946.

Licenciada em Filologia Românica, foi professora liceal em Lisboa e em África – Angola e Moçambique – para onde partiu em 1970. Ali viveu o marcante ambiente da Guerra Colonial, que mais tarde descreveria no romance A Costa dos Murmúrios através da perspetiva de uma personagem feminina, a mulher de um oficial do exército português de serviço em Moçambique.

De regresso a Lisboa continuou a atividade docente e, em 1980, publicou o romance O Dia dos Prodígios, que lhe valeu o Prémio Ricardo Malheiros, da Academia das Ciências de Lisboa. Esta sua primeira obra publicada deve um impulso à revolução de abril de 1974: O Dia dos Prodígios constrói-se como uma alegoria do país fechado e parado que Portugal era sob a ditadura, permanentemente à espera de uma força que o transformasse. O romance teve grande impacto junto do público e da crítica e Lídia Jorge foi de imediato saudada como uma das mais importantes revelações das letras portuguesas e uma renovadora do nosso imaginário romanesco. 

A linguagem narrativa deste romance e do seguinte – O Cais das Merendas – remete para a atmosfera do realismo mágico, sobrepondo vários planos narrativos numa estrutura polifónica de onde se destacam personagens que adquirem uma dimensão metafórica, ou mesmo mítica. A autora tem entretanto vindo progressivamente a adotar um tom mais realista, nomeadamente em O Jardim sem Limites, onde à pequena aldeia de Vilamaninhos, que simbolizava no seu primeiro romance o Portugal pequenino e arcaico, se substitui Lisboa, a metrópole europeia onde se cruzam todas as influências e se rarefazem identidades e territórios. Nos romances de Lídia Jorge, a condição sociocultural das personagens, sobretudo as femininas, reflete-se em diálogos, testemunhos a que não é alheia a atenção que a autora dispensa à tradição oral, em relação direta com a crónica da nossa história recente, antes e depois da revolução. A sua peça para teatro (A Maçon) procura um tempo mais remoto, os primeiros anos da ditadura, para retratar a condição feminina imposta pela ideologia do Estado Novo e a perda de liberdades (também) por parte das mulheres.

A par da atividade literária, Lídia Jorge foi professora convidada da Faculdade de Letras de Lisboa, atividade que interrompeu para desempenhar funções na Alta Autoridade para a Comunicação Social, entre 1990 e 1994.

Lídia Jorge tem mais de 30 títulos publicados, entre os quais o premiadíssimo O Vale da Paixão (1998). O seu mais recente romance, "Estuário" (2018), recebeu o XXIV Grande Prémio de Literatura DST e foi finalista, em França, do Prémio Médicis 2019. 

Nesse ano publicou a sua primeira obra de poesia, "O Livro das Tréguas", e, já este ano, o seu primeiro livro de crónicas - "Em Todos os Sentidos".

A autora tem também produção no domínio da literatura infantil (O Último Voo do Pardal, 2007; O Romance do Grande Gatão, 2010).

A escritora foi já distinguida com outros galardões, como o Prémio Vergílio Ferreira (2015), o Prémio Luso-Espanhol de Cultura (2014), o Prémio Internacional de Literatura da Fundação Günter Grass (2006), o Grande Prémio de Romance da Associação Portuguesa de Escritores e o Prémio Correntes d'Escritas (2002), o Prémio Jean Monet de Literatura Europeia (2000) e o Prémio D. Diniz da Casa de Mateus (1998).

Em 2020, Lídia Jorge foi distinguida com o Prémio da Feira Internacional do Livro de Guadalajara, de Literatura em Línguas Românicas.

Lídia Jorge é a 30.ª distinguida com o principal prémio de literatura desta Feira e é o segundo escritor português distinguido, depois de António Lobo Antunes, em 2008.

O Prémio Tributo de Consagração Fundação Inês de Castro/2019 foi atribuído, em julho passado, à obra de Lídia Jorge.

Os seus livros estão traduzidos para diversas línguas.

Fontes: DGLAB; www.dn.pt



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