O
escritor brasileiro Raduan Nassar é o vencedor do Prémio Camões 2016.
É o 28.º autor, e o 12.o brasileiro a receber
aquele que é considerado o mais importante prémio literário destinado a autores
de língua portuguesa.
"Através
da ficção, o autor revela, no universo da sua obra, a complexidade das relações
humanas em planos dificilmente acessíveis a outros modos do discurso. Muitas
vezes essa revelação é agreste e incómoda, e não é raro que aborde temas
considerados tabus. Essa possibilidade dá-se no uso rigoroso de uma linguagem
cuja plasticidade se imprime em diferentes registos discursivos verificáveis
numa obra que privilegia a densidade acima da extensão", lê-se na
justificação do júri que este ano incluiu a professora e ensaísta Paula Morão e
o poeta e colunista Pedro Mexia, os professores universitários, críticos e
escritores brasileiros Flora Süssekind e Sérgio Alcides do Amaral, e ainda o
autor moçambicano Lourenço do Rosário, reitor da Universidade Politécnica de
Maputo, e a ensaísta são-tomense Inocência Mata, atualmente radicada em Macau.
A decisão do júri foi por unanimidade.
Raduan
Nassar nasceu em Pindorama, Estado de São Paulo, em 1935, descende de uma
família libanesa, estudou Direito e Letras na Universidade de São Paulo, onde
concluiu a sua formação académica em Filosofia.
Com
apenas três livros publicados – os romances Lavoura Arcaica
(1975) e Um Copo de Cólera (1978) e o livro de contos Menina
a Caminho (1994) –, a exiguidade da obra não impede que Raduan Nassar
seja há muito considerado pela crítica um dos grandes nomes da literatura
brasileira, ao nível de um Guimarães Rosa ou de uma Clarice Lispector.
O
comunicado do Ministério da Cultura, que anuncia o prémio, destaca Nassar como
"autor de uma obra de intervenção, promovendo uma consciência política e
social contra o autoritarismo, comparado a nomes consagrados da literatura
brasileira, como Clarice Lispector e João Guimarães Rosa, graças à
extraordinária qualidade da sua linguagem e da força poética da sua
prosa".
O
Prémio Camões, no valor de 100 mil euros, foi instituído por Portugal e pelo
Brasil em 1988, e atribuído pela primeira vez em 1989, ao escritor Miguel Torga
(1907-1995). No ano passado, foi distinguida a escritora portuguesa Hélia
Correia.
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