segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Um poema...

“Tivesse eu sabido”

Tivesse eu sabido, quando a vida era um vento tépido e feliz,
Brando e ruidoso na aurora e na névoa brilhante do orvalho,
Que havia de chegar o tempo em que, suspirando os corações diriam:
“Tivesse eu sabido…”

Nem sequer as rosas rindo ao beijarem-se,
Nem, ao sol, o mais encantador riso ondulante do mar,
Teriam vindo fascinar a minha alma para que neles reparasse.

Agora o vento é como uma alma desterrada a rezar inutilmente
As preces que não conseguimos ouvir se o coração lhes resiste,
Agora que a minha própria alma, à deriva e perdida como o vento, suspira:
“Tivesse eu sabido…”


A. C. Swinburne (1837-1909), tradução de Maria de Lourdes Guimarães, Poemas, edição Relógio d’Água, Lisboa, 2006.


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