“Tivesse eu sabido”
Tivesse eu sabido, quando a vida era um vento tépido e
feliz,
Brando e ruidoso na aurora e na névoa brilhante do
orvalho,
Que havia de chegar o tempo em que, suspirando os
corações diriam:
“Tivesse eu sabido…”
Nem sequer as rosas rindo ao beijarem-se,
Nem, ao sol, o mais encantador riso ondulante do mar,
Teriam vindo fascinar a minha alma para que neles
reparasse.
Agora o vento é como uma alma desterrada a rezar
inutilmente
As preces que não conseguimos ouvir se o coração lhes
resiste,
Agora que a minha própria alma, à deriva e perdida
como o vento, suspira:
“Tivesse eu sabido…”
A. C.
Swinburne (1837-1909), tradução de
Maria de Lourdes Guimarães, Poemas, edição Relógio d’Água, Lisboa, 2006.
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