A República Portuguesa
foi proclamada em Lisboa a 5 de outubro de 1910. Nesse dia foi organizado um
governo provisório, que tomou o controlo da administração do país, chefiado por
Teófilo Braga, um dos teorizadores do movimento republicano nacional.
Iniciava-se um processo que culminou na implantação de um regime republicano,
que definitivamente afastou a monarquia.
Este governo, pelos
decretos de 14 de março, 5, 20 e 28 de abril de 1911, impôs as novas regras da
eleição dos deputados da Assembleia Constituinte, reunida pela primeira vez a
19 de junho desse ano, numa sessão onde foi sancionada a revolução republicana;
foi abolido o direito da monarquia; e foi decretada uma república democrática,
que veio a ser dotada de uma nova Constituição, ainda em 1911.
Implantação da República. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora,
2003-2013. [Consult. 2013-10-03].
Na celebração desta
efeméride, apresentamos uma cronologia breve da implantação da República, os Presidentes
da Primeira República Portuguesa e os símbolos da República.
Informação cronológica
1910
3 de outubro – Assassinato de Miguel Bombarda
4 de outubro – Levantamento dos quartéis de Infantaria 16,
Artilharia 1, Quartel de Marinheiros de Alcântara, controlo dos navios
Adamastor, São Rafael e D. Carlos, concentração das tropas revoltadas na
Rotunda. Suicídio de Cândido dos Reis.
5 de outubro – Tréguas pedidas pelo encarregado de negócios
alemão; proclamação da República. Partida da família real para o exílio.
Formação do Governo Provisório.
6 de outubro – Proclamação da República no Porto.
Presidentes da Primeira República Portuguesa
(desde a data da implantação do regime, a 5 de Outubro de 1910,
até ao eclodir do movimento do 28 de Maio de 1926, que abriu caminho a uma
ditadura de meio século)
Na 1ª República portuguesa os
Presidentes foram homens de diversos quadrantes políticos e culturais.
Escritores, tribunos, médicos, poetas e militares.
1º Presidente: Manuel
de Arriaga
5º Presidente: João
de Canto e Castro
2º Presidente:
Teófilo Braga
6º Presidente:
António José de Almeida
3º Presidente:
Bernardino Machado
7º Presidente: Manuel
Teixeira Gomes
4º Presidente:
Sidónio Pais
8º Presidente:
Bernardino Machado
Os Símbolos da
República
Busto da República - da autoria de Simões de Almeida (sobrinho)
Busto da República - da autoria de Simões de Almeida (sobrinho), este busto
alegórico da República corresponde ao modelo iconográfico difundido por todo
mundo Ocidental, inspirado na imagem da Liberdade-Pátria criada por Eugène
Delacroix na pintura A Liberdade Guia o Povo, datado de 1830 e reconhecido como
o primeiro quadro político da história da Arte. Com efeito, deste modelo a
imagem da República retirou o barrete frígio, por vezes a bandeira, a figura
feminina, o olhar decidido e a sensualidade - não explícita no erotismo dos
seios descobertos daquela, mas recatada e implícita na blusa de cordões
afrouxados que deixa entrever o peito -, acrescentando-lhe o raminho de
loureiro como símbolo triunfal, ou o molho de feno e a foice como símbolo da
abundância.
Após a vitória da Revolução Republicana de 5 de Outubro de 1910, os
novos dirigentes veem na redefinição dos símbolos nacionais uma das suas
prioridades:
A bandeira azul e branca é substituída pela verde e rubra.
A 19 de Junho de 1911, na sessão de abertura da Assembleia Nacional Constituinte, é aprovado o novo projeto.
·
As 5 quinas simbolizam
os 5 reis mouros que D. Afonso Henriques venceu na batalha de Ourique.
·
Os pontos dentro
das quinas representam as 5 chagas de Cristo. Diz-se que na
batalha de Ourique, Jesus Cristo crucificado apareceu a D. Afonso Henriques, e
disse: "Com este sinal, vencerás!". Contando as chagas e duplicando
as chagas da quina do meio perfaz-se a soma de 30, representando os 30
dinheiros que Judas recebeu por ter traído Cristo.
·
Os 7 castelos simbolizam
as localidades fortificadas que D. Afonso Henriques conquistou aos Mouros.
·
A esfera armilar simboliza o
mundo que os navegadores portugueses descobriram nos séculos XV e XVI e os
povos com quem trocaram ideias e comércio.
·
O verde simboliza a
esperança.
·
O vermelho simboliza a
coragem e o sangue dos Portugueses mortos em combate.
O
Hino Nacional: A Portuguesa
Portugal ficou até hoje com um hino que começou por
ser um desafio popular a Inglaterra. Conta Severiano Teixeira: "É um hino
patriótico, que não surge no contexto republicano, mas sim no do Ultimato
inglês." Recuamos aos anos finais da monarquia, quando a oposição
britânica à ideia de Portugal unir os seus territórios em África (o célebre
Mapa Cor-de-Rosa) faz desencadear um movimento popular contra os ingleses.
"Alfredo Keil compõe a canção, vai a casa do [Henrique] Lopes de Mendonça
e diz-lhe que já tem um hino feito, mas que precisa de uma letra. Toca-lhe os
acordes da Portuguesa, e Lopes de Mendonça cria a letra." Em 1890, os dois
fizeram 12 mil exemplares da partitura e distribuíram-nos. A partir daí a
música ganhou vida própria. "É tocada pela primeira vez num teatro,
durante uma peça. No início é basicamente um hino patriótico e nacionalista,
mas a pouco e pouco vai sendo apropriado pelos republicanos. A certa altura o
Governo [empenhado em não agravar a questão com os ingleses] proíbe-o, e isso
reforça a sua legitimidade nacional. Quando surge o 5 de Outubro, era quase
natural que o hino fosse A Portuguesa."
Só o novo significado (de resistência à monarquia)
que a música entretanto conquistara justificou que se continuasse a cantar
"Às armas, às armas!/Pela Pátria lutar!", quando a questão com a
Inglaterra já estava ultrapassada.
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