quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O Leituras sugere...

“História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar”
 Luís Sepúlveda

Esta é a história de Zorbas, um gato grande, preto e gordo. Um dia, uma formosa gaivota apanhada por uma maré negra de petróleo deixa ao cuidado dele, momentos antes de morrer, o ovo que acabara de pôr.

Zorbas, que é um gato de palavra, cumprirá as três promessas que nesse momento dramático lhe é obrigado a fazer: não só criará a pequena gaivota, como também a ensinará a voar. Tudo isto com a ajuda dos seus amigos Secretário, Sabetudo, Barlavento e Colonello, dado que, como se verá, a tarefa não é fácil, sobretudo para um bando de gatos mais habituados a fazer frente à vida dura de um porto como o de Hamburgo do que a fazer de pais de uma cria de gaivota…

«Era uma ave muito suja. Tinha todo o corpo impregnado de uma substância escura e malcheirosa.
Zorbas aproximou-se e a gaivota tentou pôr-se de pé arrastando as asas.
- Não foi uma aterragem muito elegante – miou.
- Desculpa. Não pude evitar – reconheceu a gaivota.
- Olha lá, tens um aspecto desgraçado. Que é isso que tens no corpo? E que mal que cheiras! – miou Zorbas.
- Fui apanhada por uma maré negra. A peste negra. A maldição dos mares. Vou morrer – grasnou a gaivota num queixume.»

            «Zorbas pensou que a pobre gaivota estava a delirar e que com um pássaro em estado tão lastimoso ninguém podia deixar de ser generoso.
            - Prometo-te o que quiseres. Mas agora descansa – miou ele compassivo.
            - Não tenho tempo para descansar. Promete-me que não comes o ovo – grasnou ela abrindo os olhos.
            - Prometo que não te como o ovo – repetiu Zorbas.
            - Promete-me que cuidas dele até que nasça a gaivotinha.
            - Prometo que cuido do ovo até nascer a gaivotinha.
- E promete-me que a ensinas a voar – grasnou ela fitando o gato nos olhos.
            Então Zorbas achou que aquela infeliz gaivota não só estava a delirar, como estava completamente louca.
            - Prometo ensiná-la a voar. E agora descansa, que vou em busca de auxílio – miou Zorbas trepando de um salto para o telhado.
            Kengah olhou para o céu, agradeceu a todos os bons ventos que a haviam acompanhado e, justamente ao exalar o último suspiro, um pequeno ovo branco com pintinhas azuis rolou junto do seu corpo impregnado de petróleo.»

1 comentário:

  1. Olá eu acho que ta muito bem mas que devia ter a historia toda obrigada.

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