sexta-feira, 12 de julho de 2019

Escritor do mês | julho

João Pedro Marques
(1949/)


João Pedro Marques nasceu em Lisboa, em 1949. Foi professor do ensino secundário e, depois, durante mais de duas décadas, investigador do Instituto de Investigação Científica Tropical e Presidente do Conselho Científico desse Instituto, em 2007-2008. Doutorado em História pela Universidade Nova de Lisboa, onde lecionou durante a década de 1990, é autor de dezenas de artigos sobre temas de história colonial, e de vários livros, dois dos quais publicados em Nova Iorque e Oxford (The Sounds of Silence, 2006; e, em coautoria, Who Abolished Slavery? A debate with João Pedro Marques, 2010). Em 2010 publicou o seu primeiro romance, Os Dias da Febre, ao qual se seguiram, em 2012, Uma Fazenda em África (que, com várias edições, constituiu um dos grandes sucessos do ano), em 2014, O Estranho Caso de Sebastião Moncada, em 2015, Do Outro Lado do Mar, em 2017, Vento de Espanha e, em 2019, A Aluna Americana.



A Aluna Americana

Novembro de 1968. Usam-se cabelos compridos e cores garridas, a música pop enche o ar de sons novos e eletrizantes — os Beatles estão no auge —, e a França vai-se recompondo dos tumultos de maio. Os progressos científicos são palpáveis e quase diários. O Homem está a dois passos da Lua, Barnard fez os primeiros transplantes cardíacos e a chamada revolução sexual avança no mundo ocidental, graças à pílula e à liberalização dos costumes. Portugal, ainda apertado na dolorosa tenaz da guerra em África, deposita muitas esperanças na Primavera Marcelista e procura agarrar os ventos que sopram lá fora e que lhe chegam a conta-gotas, filtrados pela censura.

É nesse contexto e nesse novembro que, por mero acaso, o professor universitário José Duarte Cincinnato de Sousa conhece Isabel Botelho, uma estudante de Românicas acabada de chegar dos Estados Unidos da América.

A Aluna Americana é a história da relação entre ambos, uma história de afetos e sentimentos que nos faz frequentemente passar da desempoeirada amplidão dos mundos exteriores para a estreita pequenez de um Portugal fechado. De passagem em passagem, iremos vendo como um homem conservador vive os prazeres, as dores e os desafios da sua paixão por uma mulher mais nova, para a qual nada é sagrado, exceto, talvez, o amor.
Esta narrativa passa-se numa época na qual, como disse Paul Simon, a música fluía e impregnava a vida do dia a dia. 

«Como não poderia deixar de ser essa música está presente neste romance não apenas como uma ilustração daquele tempo, mas também como uma parte da narrativa porque cada canção que entra no texto tem uma ligação, um nexo, com segmentos específicos da história. Se Isabel, numa bancada do Candlestick Park, em São Francisco, canta, de lágrimas nos olhos, She’s a Woman em uníssono com os Beatles, é porque morre de saudade do seu amor desavindo e lhe quer pedir perdão. E se José Duarte se amargura sempre que ouve Et maintenant, de Gilbert Bécaud, é porque, com a partida de Isabel, a sua vida se tornou vazia e sem sentido. 

A playlist seguinte https://open.spotify.com/playlist/7B1JXDYiyA6k5oIBZIijeG comporta 28 músicas. 
Cada uma delas lembra ao leitor o som daquele período e transporta-o para um momento particular de uma extraordinária história de amor.» 

(in wookacontece)

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