segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Aniversário A LORD 2019

No passado dia 7 de dezembro, a Fundação A LORD e a sua Biblioteca comemoraram mais um aniversário, o XXIII e o XIX respetivamente.



A abrir a sessão, o grupo de senhoras que frequentam os ateliês no Museu A LORD, apresentou a peça de teatro “As galinhas faladoras” de Luísa Ducla Soares.


E se de repente, o meu objeto predileto ganhasse vida e falasse? O que diria? Foi a partir deste mote, que o Grupo de teatro LORDator apresentou as suas histórias, de uma maneira divertida e emocionante, dando a conhecer ao público os seus objetos favoritos e a importância que têm na vida de cada um. 





E depois destes momentos cheios de emoção e boa disposição, o Presidente e a Coordenadora da Fundação A LORD procederam à entrega de certificados, no âmbito da Formação Profissional, aos participantes do curso da área da electricidade e energia.




Usaram, depois, da palavra o Presidente da Fundação A Lord, Sr. Francisco Ramos, e o Vice-Presidente da Câmara de Paredes, Dr. Francisco Leal que saudaram todos os presentes e enalteceram a boa prestação dos dois Grupos intervenientes, salientando também a acção interventiva desta instituição no desenvolvimento cultural de Lordelo. 

Por fim, o público presente foi convidado a cantar os parabéns às aniversariantes e a saborear o bolo festivo.

Para assinalar a data, todos receberam uma lembrança.


terça-feira, 10 de dezembro de 2019

O Leituras sugere...





...para dezembro 



O Segredo das Estrelas
Um conto de Natal
Lídia Valadares

Na sede das renas do Pai Natal, na Lapónia, reinava uma grande agitação.


Aproximava-se a época natalícia e havia que fazer todos os preparativos, com muito zelo e rapidez, para que tudo estivesse pronto na data exata.

Um majestoso trenó repleto de prendas aguardava a presença do Pai Natal e das suas renas para a viagem mágica que iam iniciar.
A excitação e a ansiedade aumentavam. Contudo, na hora da partida, algo aconteceu que provocou no Pai Natal uma certa dúvida: deveriam ou não realizar aquela viagem?

Será que, naquele ano, as casas não receberam a visita do Pai Natal?
As estrelas guardavam um precioso segredo…. Qual seria?

Embarca no trenó deste conto e, na companhia de renas muito engraçadas, desvenda os mistérios deste Natal.

Escritor do mês | dezembro

JOËL DICKER
(1985/)


“Escrevo porque gosto de ler romances e é isso que quero fazer.”

Joël Dicker nasceu em Genève, Suíça, em 1985, filho de pai professor de literatura francesa e mãe funcionária de uma livraria. Formado em Direito, sempre quis ser escritor. Começou a escrever em revistas era muito novo. Trabalhou como jornalista.

O seu primeiro romance, Os últimos dias dos nossos pais, venceu o Prémio dos Escritores de Genève. A verdade sobre o caso Harry Quebert é o seu segundo romance. Publicado em França em 2012, quando Joël tinha apenas vinte e sete anos, tornou-se rapidamente um best-seller mundial, traduzido para 40 línguas e com cinco milhões de exemplares vendidos em todo o mundo. Recebeu vários prémios: Prix de la Vocation Bleustein-Blanchet, o Grande Prémio do Romance da Academia Francesa, o Prémio Goncourt des Lycéens e o prémio da revista Lire para Melhor Romance em língua francesa. O Livro dos Baltimore é o terceiro romance deste aclamado autor. O desaparecimento de Stephanie Mailer é o seu quarto romance e confirma a mestria de Dicker no género do mistério literário, tendo vendido 48 mil exemplares nos primeiros seis dias em livraria, em França e na Suíça.

 



 A RESPEITO DOS ACONTECIMENTOS DE 30 DE JULHO DE 1994

 Apenas as pessoas familiarizadas com a região dos Hamptons, no estado de Nova York, souberam do que aconteceu em 30 de julho de 1994 em Orphea, uma pequena e badalada cidade balneária. Naquela noite, Orphea inaugurava seu primeiro festival de teatro, e o evento, de alcance nacional, atraíra um bom público. Desde o fim da tarde, os turistas e a população local haviam começado a se aglomerar na rua principal para participar das diversas festividades organizadas pela prefeitura. Os bairros residenciais ficaram tão vazios que lembravam uma cidade fantasma: não havia mais pessoas nas calçadas, casais nos portões, nem crianças andando de patins na rua, ninguém nos jardins. Todo mundo estava na rua principal. Por volta das oito horas da noite, no bairro completamente deserto de Penfield, o único sinal de vida era um carro que percorria lentamente as ruas abandonadas. Ao volante, um homem espreitava as calçadas com um fulgor de pânico no olhar. Nunca se sentira tão sozinho no mundo. Não havia ninguém para ajudá-lo. Não sabia o que fazer. Procurava desesperadamente sua mulher: ela saíra para correr e não voltara.

In O desaparecimento de Stephanie Mailer 

Um poema...


COMO CHAMAR UM GATO


Que há vários Gatos já aqui leste,
E agora o meu parecer é este
Não é preciso um tradutor
Pra entender o seu humor.
Já sabes muito e mais que uns pós: 
Os Gatos são iguais a nós
E a outros tantos e diferentes
De muitos tipos, muitas mentes.
Pois um é louco e outro é são
E outro é bom e outro não
E um melhor, e um perverso –
Mas qualquer gato cabe em verso.
Em jogo ou em trabalho os viste,
O nome próprio até ouviste
Seus hábitos, seu habitat:
O ponto:
Como chamar um Gato?

E não esquecer esta lição:
UM GATO NÃO É UM CÃO.
Um Cão não luta apenas finge;
Um Cão que ladra não atinge;
Contudo um Cão é, no geral,
Algo simplório e normal.
À excepção do Pequinês
E do canino rafeirês.
O Cão local de toda a parte
É um truão por sua arte,
Não tem orgulho, o Cão, nenhum,
E é tratado abaixo de um.
É fácil ser levado, o tonto –
Uns mimos sobre o queixo e pronto,
Um dá cá a patinha dá,
E pula e põe-se a rir, já está.
O lorpa a qualquer um se entrega,
Responde a deita, a senta, a pega.

É bom lembrá-lo, e isto é exacto:
Um Cão é um Cão – UM GATO É UM GATO.

Com Gatos, diz-se, a regra vale:
Não fales antes que te fale.
Eu não concordo co’o ditado –
Um Gato pode ser chamado.
Mas tem em vista uma verdade:
Que não lhe apraz intimidade.
Eu tiro-lhe o chapéu, cordato,
E chamo o Gato assim: Ó GATO!
Mas se ele for da porta ao lado
Um gato visto no passado
(Vem visitar-me ao meu recato)
Saúdo-o com um EI! UM GATO!
Ouvi chamar um James Buz-James –
Mas não o chames, não te queimes.
Um Gato só te chama amigo
E só te deixa estar consigo
Provando tu quão bem o tratas,
Se lhe mostrares um pires de natas;
E torta de Estrasburgo, até,
Não fica mal, caviar, paté
De Ganso, um bom salmão em pasta –
Tem gosto, bacalhau não basta.
(Conheço um com gosto velho,
À refeição só quer coelho
E, satisfeito, as patas cola
Só pelo molho da cebola.)
Um Gato leva muito a peito
E exige mostras de respeito.
E com o tempo chegas lá,
E pelo NOME ele vem cá.

É este o trato do contrato:
Assim, tal qual, SE CHAMA UM GATO.

T.S. Eliot, O Livro dos Gatos Práticos do Velho Gambá (tradução de Daniel Jonas) - o livro que esteve na origem do famoso musical Cats


quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Escritor do mês | novembro

ALBERTO S. SANTOS
(1967/)


Alberto S. Santos é autor, advogado e conferencista. Apaixonado pelos factos inesperados da História, afirmou-se na ficção histórica criada a partir de marcantes acontecimentos reais, mas pouco conhecidos do grande público. Publicou os romances A Escrava de Córdova (2008), A Profecia de Istambul (2010), O Segredo de Compostela (2013), Para lá de Bagdad (2016) e Amantes de Buenos Aires (2019). É também autor da coletânea de histórias A Arte de Caçar Destinos (2017) e participa na série de contos de autores lusófonos Roça Língua (2014). Está ainda ligado à criação e curadoria do Festival Literário “Escritaria” e à comissão científica da “Rota do Românico”.


A Escrava de Córdova 

A Escrava de Córdova segue a vida de Ouroana, uma jovem cristã em demanda pela liberdade e pelo seu lugar especial no mundo. Confrontada com as adversidades do tempo em que lhe foi concedido viver, e em nome do coração, a jovem terá de questionar a educação, as convicções e a fé que sempre orientaram a sua existência. Será, por entre a efervescência das mesquitas e o recato das igrejas graníticas da sua terra, que a revelação por que tanto almeja a iluminará.

(…) Múnio era conhecido pelo cognome o Gasco,  por ser oriundo da Gasconha e ter chegado, anos antes, às terras de Anégia, nas margens do Douro, que apresurou para si. O próprio rei se apressou a outorgar-lhe qualidade de governador, interessado no estabelecimento da sua autoridade na fronteira com os mouros. No final do conciliábulo, solicitou ao abade Rosendo uma audiência a sós. O scriptorium do mosteiro acolheu-os, dando-lhes a privacidade de que necessitavam. Ali se encontravam vários livros, o orgulho daquele ancião. Uns, trazidos pelos moçárabes andalusinos das oficinas livreiras de Córdova; outros, pelos peregrinos de santiago; outros ainda recolhidos com muito zelo pelo abade, durante as inúmeras viagens feitas ao longo da sua vida, como era o caso das obras de padres antigos oriundas de França e de Itália. Viam-se também livros de Isidoro, Leandro, Ildefonso, Taio e Beda, o Venerável.

O governador de Anégia, um dos poucos nobres que, na idade juvenil, aprendera a ler num mosteiro, fixou a sua atenção numa das secções da biblioteca daquele que fora, em tempos, bispo das dioceses de Dume-Mundoñedo e de Santiago. Encontravam-se ali separados livros que o conde não contava ver, alguns deles de que nem sequer suspeitava existirem. Ricamente encadernados, exibiam-se uma Crónica Moçárabe, uma Crónica Profética, uma Crónica de Afonso III, um livro de João Toledo, uma cópia do Libellus de Antichristo, de Adson de Montierender e uma edição de Comentários ao Apocalipse, do Beato de Liébana, entre outros livros que Múnio não conseguiu identificar. Abade... Que estranhas obras se encontram aqui.... Interessais-vos, por acaso, por algumas das ideias que já ouvi..., de que o mundo vai acabar...?! Um sorriso aberto pairou, durante algum tempo, nos lábios daquele ancião já de costas curvadas pelo peso dos anos, enquanto as suas mãos trémulas acariciavam as lombadas dos seus amados livros.

Vejo que és muito perspicaz, meu filho. De facto, tenho estado a recolher informações sobre essas questões. Estou preocupado com algumas correntes que apregoam que o fim dos tempos está próximo. Por isso, ao longo dos anos, tenho coleccionado os livros que têm tratado esse assunto. E que dizem eles? Bom..., muitas coisas... Já que estás interessado no tema, senta-te nesse escabelo e escuta, que eu resumo-te o essencial, respondeu-lhe o venerando abade, dirigindo-se em passo cansado para o topo de uma mesa quadrada feita em madeira de carvalho, onde se sentou em frente ao anegiense. Não era aquela a razão por que Múnio pretendia falar a Rosendo, mas ficou muito entusiasmado por poder receber os ensinamentos daquele sábio vivo.

O Bispo Julião de Toledo dedicou-se à elaboração de laboriosos cálculos sobre o final dos tempos. Com a chegada dos muçulmanos e de algumas pestes ao nosso território, os cristãos moçárabes começaram, por sua vez, a preocupar-se com o fim da dominação dos infiéis. Por isso, na sua Crónica Moçárabe previa-se que no ano 6000 da criação do Mundo, o fim da sexta e última idade do Mundo, que corresponde ao ano 800 depois de Cristo, os muçulmanos seriam expulsos destas terras. Também o Beato de Liébana, que viveu na segunda metade do século VIII, acreditava que a Parusia ocorreria nessa ocasião, como se vê nos seus Comentários ao Apocalipse. Este livro está ilustrado com várias iluminuras e desenhos retratando a sua visão das convulsões e catástrofes que antecederiam o regresso de Cristo, no final dos tempos. Como tal não aconteceu, o tema foi retomado no ano 883, através da Crónica Profética e da Crónica de Afonso III, também elas escritas por moçárabes. Estes assinalaram o ano seguinte como aquele em que terminaria o castigo dos Godos pelos seus pecados e a consequente expulsão dos árabes. Convencido de tais profecias, o rei Afonso III enviou, então, um emissário a Córdova propondo a paz ao califa Muhammad I e solicitando autorização para trazer as relíquias de Santo Eulógio e de outros mártires moçárabes para Oviedo». 

In Alberto S. Santos, A Escrava de Córdova, Porto Editora, 2008

Um poema

No centenário de nascimento de Jorge de Sena


Poeta, ficcionista, dramaturgo, ensaísta e tradutor, um dos mais relevantes escritores do século XX, Jorge de Sena nasceu a 2 de novembro de 1919.

«ODE AOS LIVROS QUE NÃO POSSO COMPRAR»

Hoje, fiz uma lista de livros, e não tenho dinheiro para os poder comprar.

É ridículo chorar falta de dinheiro
para comprar livros,
quando a tantos ele falta para não morrerem de fome.

Mas também é certo que eu vivo ainda pior
do que a minha vida difícil,
para comprar alguns livros

sem eles, também eu morreria de fome,
porque o excesso de dificuldades na vida,
a conta, afinal certa, de traições e portas que se fecham,
os lamentos que ouço, os jornais que leio,
tudo isso eu tenho de ligar a mim profundamente,
através de quanto sentiram, ou sós, ou mal-acompanhados,
alguns outros que, se lhe falasse,
destruiriam sem piedade, às vezes só com o rosto,
quanta humanidade eu vou pacientemente juntando,
para que se não perca nas curvas da vida,
onde é tão fácil perdê-la de vista, se a curva é mais rápida.

Não posso nem sei esquecer-me de que se morre de fome,
nem de que, em breve, se morrerá de uma fome maior,
do tamanho das esperanças que ofereço ao apagar-me,
ao atribuir-me um sentido, uma ausência de mim,
capaz de permitir a unidade que uma presença destrói.

Por isso, preciso de comprar alguns livros,
uns que ninguém lê, outros que eu próprio mal lerei,
para, quando se me fechar uma porta, abrir um deles,
folheá-lo pensativo, arrumá-lo como inútil,
e sair de casa, contando os tostões que me restam,
a ver se chegam para o carro eléctrico,
até outra porta.

Jorge de Sena, 1944

O Leituras sugere...







Está uma cobra na minha escola!
David Walliams/Tony Ross

Uma história hilariante para os leitores mais jovens 


Está uma cobra na minha escola!, o mais recente livro de David Walliams publicado, é uma narrativa delirante de Walliams brilhantemente ilustrado pelo premiado artista Tony Ross. 

Quando o Professor Alegre disse a todas as crianças que tinha chegado o Dia de Trazer o Animal de Estimação para a Escola não estava a contar que Miranda trouxesse uma cobra. Uma enorme e serpenteante jiboia de estimação que rapidamente se transforma na grande atração da turma! Pelo menos até à chegada da professora Fiúza, que não gostava muito de animais… nem de crianças.


Cheio de peripécias divertidas, este livro vai fazer as delícias dos mais pequenos (dos 3 aos 5 anos)! 




Desde a publicação de Campeão de Saias, David Walliams escreveu já mais de 15 títulos para os mais jovens, das mais variadas extensões, e transformou-se numa das referências no que diz respeito à literatura juvenil: os seus livros venderam mais de 17 milhões de exemplares e estão traduzidos em mais de 46 línguas.

Foi também distinguido em três ocasiões com o único prémio inglês decidido por crianças, o The Red House Children’s Book Award.

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Sophia de Mello Breyner Andresen - 100 anos

(Porto, 6 de novembro de 1919 — Lisboa, 2 de julho de 2004)


Faz hoje 100 anos que nasceu Sophia de Mello Breyner Andresen, uma das mais importantes poetas do século XX português. 

Sophia de Mello Breyner Andresen foi condecorada três vezes pela República Portuguesa e distinguida com 13 prémios literários, entre outros galardões. A poeta morreu dez dias antes de receber a Medalha de Honra do Presidente do Chile, por ocasião do centenário do nascimento de Pablo Neruda. O Prémio Rainha Sofia de Espanha, em 2003, foi o último galardão que recebeu em vida, de uma lista iniciada em 1964, quando recebeu o Grande Prémio de Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores, pelo livro "Canto Sexto". Em 1977, "O Nome das Coisas" vale-lhe o Prémio Teixeira de Pascoaes e, em 1984, a Associação Internacional de Críticos Literários entregou-lhe o Prémio da Crítica pela totalidade da obra. Em 1989, foi distinguida com o Prémio D. Dinis pelo livro de poesia "Ilhas", Grande Prémio de Poesia Inasset/Inapa, no ano seguinte. Em 1992, voltou a ser premiada pela totalidade da obra, desta feita, com o Grande Prémio Calouste Gulbenkian para Crianças. Em 1994, a Associação Portuguesa de Escritores outorgou-lhe o Prémio 50 anos de Vida Literária e, em 1996, foi homenageada no Carrefour des Litératures (França), um ano depois de ter sido distinguida com o Prémio Petrarca pela Associação de Editores Italianos. Em 1998, pelo seu livro "O búzio de cós" recebeu o Prémio Luís Miguel Nava. 
Em 1999, foi distinguida com o Prémio Camões.


A minha vida é o mar o abril a rua
O meu interior é uma atenção voltada para fora
O meu viver escuta
A frase que de coisa em coisa silabada
Grava no espaço e no tempo a sua escrita

Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro
Sabendo que o real o mostrará

Não tenho explicações
Olho e confronto
E por método é nu meu pensamento

A terra o sol o vento o mar
São a minha biografia e são meu rosto

Por isso não me peçam cartão de identidade
Pois nenhum outro senão o mundo tenho
Não me peçam opiniões nem entrevistas
Não me perguntem datas nem moradas
De tudo quanto vejo me acrescento

E a hora da minha morte aflora lentamente
Cada dia preparada

Sophia de Mello Breyner Andresen


Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na busca de um bem definitivo
Em que as coisas de Amor se eternizassem.

Sophia de Mello Breyner Andresen

EM TODOS OS JARDINS

Em todos os jardins hei-de florir,
Em todos beberei a lua cheia,
Quando enfim no meu fim eu possuir
Todas as praias onde o mar ondeia.

Um dia serei eu o mar e a areia,
A tudo quanto existe me hei-de unir,
E o meu sangue arrasta em cada veia
Esse abraço que um dia se há-de abrir.

Então receberei no meu desejo
Todo o fogo que habita na floresta
Conhecido por mim como num beijo.

Então serei o ritmo das paisagens,
A secreta abundância dessa festa
Que eu via prometida nas imagens.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Liberdade

Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.

Sophia de Mello Breyner Andresen

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Escritor do mês | outubro

JULIA NAVARRO


«Todos fugimos do nosso passado. Alguns encontram o seu futuro.» 
Julia Navarro

Julia Navarro (Madrid, 1953) é jornalista e trabalhou ao longo da sua carreira na imprensa escrita, na rádio e na televisão. Autora das obras de atualidade política como Nosotros, la transición; 1982-1996 entre Felipe y Aznar; La izquierda que viene e Señora presidenta, obteve um enorme sucesso com o seu primeiro romance, A Irmandade do Santo Sudário (Gótica, 2004), e alcançou os primeiros lugares de vendas um pouco por todo o mundo. Com o seu segundo romance, A Bíblia de Barro (Gótica, 2005), confirmou o seu êxito junto do público e da crítica. Estes dois títulos venderam até à data mais de dois milhões de exemplares em todo o mundo e foram publicados em mais de vinte e cinco países, entre eles, Itália, Alemanha, Portugal, Rússia, Coreia, Japão, China, Reino Unido ou Estados Unidos. Os seus romances mereceram os mais conceituados galardões: Premio Qué Leer para o melhor romance espanhol de 2004, VIII Premio dos Lectores de Crisol, Premio Ciudad de Cartagena 2004.

Do seu romance Diz-me quem sou foi feita uma adaptação audiovisual para una série televisiva.

Atualmente, Julia Navarro dedica-se exclusivamente à escrita literária.


Bibliografia

Diz-me Quem Sou (Bertrand Editora, 2011).
Dispara, Eu Já Estou Morto (Bertrand Editora, 2014).
A Irmandade do Santo Sudário (Bertrand Editora, 2015).
A Bíblia de Barro (Bertrand Editora, 2016).
História de Um Canalha (Bertrand Editora, 2016)
O Sangue dos Inocentes (Bertrand Editora, 2017).
Não matarás (Bertrand Editora, 2019)



«Tu não matarás, filho, porque nenhum homem é o mesmo depois de tirar a vida de outro.»


Não Matarás tem início numa Espanha acabada de sair da Guerra Civil, mas a ação passa por Alexandria e por uma França ocupada pelas tropas nazis.

A rendição alemã e o final da guerra desencadeiam um projeto de regresso a Espanha que todos os personagens querem concretizar com a maior brevidade. Será possível?

O Leituras sugere...





...para outubro


O Cuquedo e Um Amor que Mete Medo
Clara Cunha e Paulo Galindro


O Cuquedo e um amor que mete medo é uma nova história da dupla de autores do enorme sucesso O Cuquedo que prometem continuar a causar furor entre os mais pequenos, trazendo uma sequela divertidíssima acompanhada de magníficas ilustrações.

Uma história maravilhosa que prende todas as crianças do princípio ao fim. 




  Livro recomendado

Um poema...

MECÂNICA DE UM ABRAÇO

O que encerras num abraço quando
abraças alguém não é
um corpo: é o tempo. Nesse demorar suspenso
(enquanto deténs outra vida) há
um corpo que é teu enquanto o reténs
nos braços
(porquanto o tens para ti
suspendendo o movimento)
enquanto páras o tempo pelo
tempo
de um abraço. Mas a
força dos teus abraços é mais fraca
que a do tempo e
tens de ser tu a ceder
(tens de ser tu a largar) porque
o tempo não aceita estar parado tanto tempo e
exige que o soltes para
tornar ao movimento.

João Luís Barreto Guimarães, Nómada


quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Visita a Aveiro


No passado sábado, 14 de setembro, a Biblioteca realizou uma visita ao património natural e cultural da região lagunar denominada ria de Aveiro.

O primeiro local de paragem foi o museu da Troncalhada onde se pode apreciar o método artesanal da produção de sal, nas marinhas locais, bem como as plantas e as aves que habitam o espaço.








A seguir, o passeio de moliceiro permitiu admirar a cidade a partir dos seus canais, com destaque para as casas de estilo Arte Nova, no canal central, os palheiros e armazéns de sal, no canal de S. Roque e as antigas fábricas de cerâmica, no canal do Côjo.









Após um almoço retemperador, uma breve visita ao mercado do peixe, antes de uma panorâmica pela cidade que contemplou a passagem pela avenida Lourenço Peixinho, aberta em 1918, até ao Rossio, a zona histórica onde se destacam a Sé Catedral e o Museu de Aveiro. Tempo ainda para apreciar o parque D. Pedro e a Universidade.




A saída da cidade fez-se em direção a Ílhavo, para visitar as instalações da Vista Alegre, em particular a capela e o museu. Fundada em 1824, por José Ferreira Pinto Basto, foi a primeira unidade industrial, no país, dedicada à produção de porcelana.



















A visita à ria de Aveiro prosseguiu em direção ao mar, na margem sul da barra do rio Vouga onde se destacam as praias da Barra, com o farol mais alto do país (62 metros) e da Costa Nova. Nesta povoação, sobressaem os antigos palheiros, caracterizados pelas riscas coloridas em fundo branco, outrora armazéns de pesca e de salga, hoje residências balneares. Merece referência o mercado do peixe onde se pode encontrar diferentes espécies de peixe e marisco vindos do mar bem como bivalves capturados na ria.












O regresso a Lordelo aconteceu ao fim da tarde de um verdadeiro dia de verão em que o sol realçou a beleza das paisagens da ria de Aveiro.

Como vem sendo hábito de anos anteriores, foram distribuídas, a todos os participantes, folhas informativas sobre a visita, elaboradas pelo guia acompanhante, Daniel Afonso.