quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Escritor do mês | agosto

Nora Roberts
(1950/)


Com Mais de 200 livros publicados, 500 milhões de exemplares vendidos em mais de 35 países e traduzidos para 25 idiomas, a escritora Nora Roberts (nascida Eleanor Marie Robertson) é um fenómeno da literatura americana e mundial. Nascida em 10 de outubro de 1950, em Maryland, nos Estados Unidos, filha de pais com descendência irlandesa, ela esteve sempre em contato com a literatura, mas, na infância e adolescência, não escrevia nada além das redações escolares.

Nora frequentou uma escola católica e, no segundo ano do Ensino Médio, transferiu-se para um colégio público. Lá, conheceu Ronald Aufdem-Brinke, seu primeiro marido, com quem se casou em 1968, contra a vontade dos pais. Atualmente, está casada com Bruce Wilder. 

Ela começou a escrever, em 1979, quando ficou presa em casa com os dois filhos por causa de uma forte nevasca.

Depois, a escritora enviou três manuscritos à Editora Harlequim, principal empresa de publicação de romances, mas todos os textos foram recusados. A autora conseguiu publicar seu primeiro livro, Almas em chamas, em 1981, na Silhouette. Nesta editora, ela publicou outros 23 títulos. No entanto, Nora só conseguiu projeção internacional com a obra Jogo de sedução, que rapidamente se tornou um best-seller.

A escritora, que já utilizou alguns pseudónimos – como Sarah Hardesty, Jill March e J.D. Robb -, marcou presença, diversas vezes, nas listas dos livros mais vendidos do The New York Times.

Foi a primeira autora a ser convidada para o Romance Writers of America Hall of Fame. Vive em Keedysville onde continua a escrever.

Nora Roberts é uma das autoras mais lidas, acarinhadas e respeitadas do mundo.



„Algumas pessoas querem o simples, o banal e o tranquilo. Isso não faz com que as pessoas que querem o complicado, o extraordinário e o emocionante sejam gananciosas ou egoístas. Querer é querer, qualquer que seja o sonho.”

Nora Roberts

O Leituras sugere...





...para agosto 


Carolina N.º 2
Porquê?! Mas… Porquê?!
 Patrícia Reis


O verão está à porta e apetece tudo menos estudar. Só que estão aí os exames nacionais e chumbar não é opção. É preciso ter amigos a sério e um coração de ferro para resistir a tantos baldes de água fria. A vida de Carolina dava um filme (pelo menos é o que ela acha). Será que vai conseguir ultrapassar estes dias loucos e chegar a salvo aos 18 anos? Já só faltam 1180 dias!

A coleção de livros que as adolescente adoram ler!

Um poema...

ARTE POÉTICA 

o poema não tem mais que o som do seu sentido, 
a letra p não é a primeira letra da palavra poema, 
o poema é esculpido de sentidos e essa é a sua forma, 
poema não se lê poema, lê-se pão ou flor, lê-se erva 
fresca e os teus lábios, lê-se sorriso estendido em mil 
árvores ou céu de punhais, ameaça, lê-se medo e procura 
de cegos, lê-se mão de criança ou tu, mãe, que dormes 
e me fizeste nascer de ti para ser palavras que não 
se escrevem, Lê-se país e mar e céu esquecido e 
memória, lê-se silêncio, sim tantas vezes, poema lê-se silêncio, 
lugar que não se diz e que significa, silêncio do teu 
olhar doce de menina, silêncio ao domingo entre as conversas, 
silêncio depois de um beijo ou de uma flor desmedida, silêncio 
de ti, pai, que morreste em tudo para só existires nesse poema 
calado, quem o pode negar?, que escreves sempre e sempre, em 
segredo, dentro de mim e dentro de todos os que te sofrem. 
o poema não é esta caneta de tinta preta, não é esta voz, 
a letra p não é a primeira letra da palavra poema, 
o poema é quando eu podia dormir à tarde nas férias 
do verão e o sol entrava pela janela, o poema é onde eu 
fui feliz e onde eu morri tanto, o poema é quando eu não 
conhecia a palavra poema, quando eu não conhecia a 
letra p e comia torradas feitas no lume da cozinha do 
quintal, o poema é aqui, quando levanto o olhar do papel 
e deixo as minhas mãos tocarem-te, quando sei, sem rimas 
e sem metáforas, que te amo, o poema será quando as crianças 
e os pássaros se rebelarem e, até lá, irá sendo sempre e tudo. 
o poema sabe, o poema conhece-se e, a si próprio, nunca se chama 
poema, a si próprio, nunca se escreve com p, o poema dentro de 
si é perfume e é fumo, é um menino que corre num pomar para 
abraçar o seu pai, é a exaustão e a liberdade sentida, é tudo 
o que quero aprender se o que quero aprender é tudo, 
é o teu olhar e o que imagino dele, é solidão e arrependimento, 
não são bibliotecas a arder de versos contados porque isso são 
bibliotecas a arder de versos contados e não é o poema, não é a 
raiz de uma palavra que julgamos conhecer porque só podemos 
conhecer o que possuímos e não possuímos nada, não é um 
torrão de terra a cantar hinos e a estender muralhas entre 
os versos e o mundo, o poema não é a palavra poema 
porque a palavra poema é um palavra, o poema é a 
carne salgada por dentro, é um olhar perdido na noite sobre 
os telhados na hora em que todos dormem, é a última 
lembrança de um afogado, é um pesadelo, uma angústia, esperança. 
o poema não tem estrofes, tem corpo, o poema não tem versos, 
tem sangue, o poema não se escreve com letras, escreve-se 
com grãos de areia e beijos, pétalas e momentos, gritos e 
incertezas, a letra p não é a primeira letra da palavra poema, 
a palavra poema existe para não ser escrita como eu existo 
para não ser escrito, para não ser entendido, nem sequer por 
mim próprio, ainda que o meu sentido esteja em todos os lugares 
onde sou, o poema sou eu, as minhas mãos nos teus cabelos, 
o poema é o meu rosto, que não vejo, e que existe porque me 
olhas, o poema é o teu rosto, eu, eu não sei escrever a 
palavra poema, eu, eu só sei escrever o seu sentido. 

José Luís Peixoto, A Criança em Ruínas