quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Escritor do mês | agosto

FRANCISCO JOSÉ VIEGAS
(1962/)


“Para escrever policiais, o que me motiva é não saber o que vai acontecer. Nunca sei quem é o assassino e às vezes nem sei quem vai morrer. Mas um policial é como um jogo de futebol: se aos 20 minutos ainda não temos um golo, fica aborrecido. Por isso nos meus livros morrem sempre três ou quatro personagens”.

Francisco José Viegas nasceu em 1962 no Pocinho, em Vila Nova de Foz Côa. Viveu até aos oito anos nas aldeias de Pocinho (hoje a última paragem ferroviária do Douro) e de Cedovim, e mudou-se para Chaves quando os pais foram ali colocados como professores do Ensino Primário. Na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa obteve em 1983 a sua licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Portugueses. Terminado o curso, enveredou pelo jornalismo, mas também foi assistente de Linguística, na Escola de Ciências Sociais da Universidade de Évora, até 1987.

Professor, jornalista e editor, é responsável pela revista Ler e foi também diretor da revista Grande Reportagem e da Casa Fernando Pessoa. De junho de 2011 a outubro de 2012 exerceu o cargo de Secretário de Estado da Cultura. Colaborou em vários jornais e revistas, e foi autor de vários programas na rádio (TSF e Antena Um) e televisão (Livro Aberto, Escrita em Dia, Ler para Crer, Primeira Página, Avenida Brasil, Prazeres, Um Café no Majestic, A Torto e a Direito, Nada de Cultura).

Autor de romances policiais, poesia, crónicas e literatura de viagem, estreou-se também nos livros de receitas. Da sua obra destacam-se livros de poesia (Metade da Vida, O Puro e o Impuro, Se Me Comovesse o Amor, Naquela Língua - Cem Poemas e Alguns mais, Juncos à Beira do Caminho, Deixar um Verso a Meio) e os romances Regresso por um Rio, Crime em Ponta Delgada, Morte no Estádio, As Duas Águas do Mar, Um Céu Demasiado Azul, Um Crime na Exposição, Um Crime Capital, Lourenço Marques, Longe de Manaus (Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores 2005), O Mar em Casablanca, O Colecionador de Erva, A Poeira que Cai sobre a Terra e Outras Histórias de Jaime Ramos e A Luz de Pequim.

Um poema...

Se me comovesse o amor

Se me comovesse o amor como me comove
a morte dos que amei, eu viveria feliz. Observo
as figueiras, a sombra dos muros, o jasmineiro
em que ficou gravada a tua mão, e deixo o dia

caminhar por entre veredas, caminhos perto do rio.
Se me comovessem os teus passos entre os outros,
os que se perdem nas ruas, os que abandonam
a casa e seguem o seu destino, eu saberia reconhecer

o sinal que ninguém encontra, o medo que ninguém
comove. Vejo-te regressar do deserto, atravessar
os templos, iluminar as varandas, chegar tarde.

Por isso não me procures, não me encontres,
não me deixes, não me conheças. Dá-me apenas
o pão, a palavra, as coisas possíveis. De longe.

Francisco José Viegas, in ‘Se me Comovesse o Amor’

O Leituras sugere...


 ...para agosto 

A incrível fuga do meu avô
David Walliams 


Há muitos, muitos anos, o avô Bandeira foi um ás dos céus e herói de guerra. Mas quando começa a confundir a idade que tem e o tempo em que vive, é enviado para um lar.

A única pessoa capaz de o compreender é Jack, o neto. Juntos, embarcarão na maior aventura das suas vidas e planearão a mais ousada das fugas!
A forte ligação de avô e neto é tratada com toda a ternura e este livro promete conduzir os leitores em Spitfires, o avião de caça britânico mais famoso da Segunda Guerra Mundial, pelos céus de Londres.
Canela & Hortelã

Livro recomendado para o 6.º ano de escolaridade, destinado a leitura autónoma.