quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Escritor do mês | janeiro


Patrícia Reis
(1970/)


“Eu não escrevo como as outras pessoas e as outras pessoas não escrevem como eu. O meu objetivo não é escrever como A, B, C ou D. Interessa-me escrever como eu acho que devo escrever.”


Patrícia Reis nasceu em 1970, começou a sua carreira jornalística em 1988 no semanário O Independente, passou pela revista Sábado e realizou um estágio na revista norte-americana Time, em Nova Iorque. De volta a Portugal, é convidada para o semanário Expresso, fez a produção do programa de televisão Sexualidades, trabalhou na revista Marie Claire, na Elle e nos projetos especiais do diário Público. Editora da revista Egoísta, é sócia do atelier de design e texto 004, participando em projetos de natureza muito variada. Escreveu a curta biografia de Vasco Santana e o romance fotográfico Beija-me (2006), em coautoria com João Vilhena, a novela Cruz das Almas (2004) e os romances Amor em Segunda Mão(2006), Morder-te o Coração (2007), que integrou a lista de 50 livros finalistas do Prémio Portugal Telecom de Literatura, No Silêncio de Deus (2008), Antes de Ser Feliz (2009), Por Este Mundo Acima (2011), Contracorpo (2013), O que nos Separa dos Outros por Causa de um Copo de Whisky (2014) e A Construção do Vazio (2017).

Apesar da sua produção literária, Patrícia Reis continua a ver-se e a definir-se como jornalista. Foi, de resto, o fascínio pelos jornais que a motivou a escrever pela primeira vez, ainda criança, na pequena máquina de escrever verde-alface que lhe ofereceu o tio-avô, a mesma pessoa que lhe daria a conhecer os clássicos da literatura.

Os livros infantojuvenis são outra das vertentes da escrita de Patrícia Reis. Sente-se satisfeita por escrever sobre assuntos com os quais eles se podem identificar – sejam os dramas das áreas que vão escolher na escola, sejam os exames –, e com a interação que se cria, sobretudo nos livros da coleção “Carolina”. Dos filhos, dois rapazes, saiu a inspiração direta para a coleção “O Diário do Micas” – o nome da personagem é o diminutivo do filho mais novo. Esta coleção tem o selo do PNL.


"Hoje, quero que saibas que não te disse nada e quando te pedi para me morderes o coração era só para me certificar de que ele existia no meu peito. Tu preferiste beijar-me, nunca me mordeste e, assim fiquei sem saber."

“Porque percebi que preciso ser abraçado todos os dias, porque percebi que não durmo bem sem o conforto de saber que há ali um corpo que respira e que – não sendo o teu – pode bem ser o teu. Se eu fechar os olhos.”

“Não mudámos nada, não fizemos nada. Somos apenas carne da carne, reduzida à sua indigna condição de súbdito do transcendente, um produto simples do medo. O medo que nos domina. Homens e animais presos a essa adrenalina da sobrevivência, da necessidade. De amor, de abrigo, de comida, de frio e de calor. Lentamente, vivemos. Morremos. Excepto eu. Vou andando pela noite, passos pequenos, sem ilusões, tentando não pensar na forma como a tua voz enrolou o meu nome.”

In Morder-te o coração


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