terça-feira, 10 de abril de 2018

Escritor do mês | abril

Ana Teresa Pereira
(1958/)


Ana Teresa Pereira nasceu em 1958 no Funchal, onde vive. Ainda estudante e guia intérprete, viu publicado em 1989 o seu primeiro livro, Matar a Imagem, com o qual ganhou o Prémio Caminho Policial. Desde então, tem vindo a publicar regularmente.  Estreou-se na literatura infantil com A Casa da Areia e A Casa dos Penhascos, dando assim início a uma nova coleção para jovens. A singularidade da sua temática e a concisão da sua escrita dão a Ana Teresa Pereira um lugar próprio na literatura portuguesa atual.

«Nos últimos dezoito anos, Ana Teresa Pereira construiu uma das obras mais coerentes e sólidas da ficção nacional. De facto, sem que quase déssemos por isso, os mais de vinte romances que publicou, oscilando entre os fairy tales, o fantástico, o policial e o western, não necessariamente por esta ordem, fizeram do seu nome uma referência incontornável.» Eduardo Pitta, Público.

“A escrita de Ana Teresa Pereira deve mais ao cinema, à poesia ou à pintura do que à ficção portuguesa contemporânea, em relação à qual ocupa uma posição um pouco descentrada, e esse é um dos seus aspetos mais interessantes”, António Guerreiro.  

Ana Teresa Pereira venceu o Prémio Oceanos 2017 pelo seu último romance, “Karen”, tornando-se a primeira mulher a fazê-lo nos 15 anos de história deste prémio, no Brasil. Após publicar mais de 20 de livros no seu país natal e de ser traduzida para o inglês, francês, alemão, italiano e eslovaco, entre outros idiomas, Ana Teresa marcará sua estreia nas prateleiras brasileiras com “Karen”, a ser lançado no primeiro semestre do corrente ano.

Bibliografia 

Matar a imagem (1989), As personagens (1990) ,A última história (1991), A Casa dos Penhascos (1991),A Casa da Areia (1991), A Casa dos Pássaros (1991), A Casa das Sombras (1991), A Casa do Nevoeiro (1992), A cidade fantasma (1993), Num lugar solitário (1996), A noite mais escura da alma (1997), A coisa que eu sou (1997), As rosas mortas (1998), O rosto de Deus (1999), Se eu morrer antes de acordar (2000), Até que a morte nos separe (2000), A dança dos fantasmas (2001), A linguagem dos pássaros (2001), O ponto de vista dos demónios (2002), Intimações de morte (2003), Contos (2004), Se nos encontrarmos de novo (2004) - Prémio do PEN Clube Português na categoria de ficção, O sentido da neve (2005), O mar de gelo (2005), Histórias policiais (2006), A neve (2006)- Prémio Literário Edmundo Bettencourt (Câmara Municipal do Funchal), Prémio Máxima de Literatura, Quando atravessares o rio (2007), O fim de Lizzie (2008), O Verão selvagem dos teus olhos (2008), As duas casas (2009), A Outra (2010) - Prémio Literário Edmundo Bettencourt (Câmara Municipal do Funchal), Inverness (2010), A Pantera (2011), O Lago (2012) -Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, As longas tardes de chuva em Nova Orleães (2013), A Porta Secreta (2013), A Estalagem do Nevoeiro (2014), As velas da noite (2014), Neverness (2015), Karen (2016) -Prémio Oceanos de Literatura.


Tem colaboração nos jornais Público e Diário de Notícias (Funchal) e nas revistas Islenha e Margem 2 (ambas do Funchal).


“Le Notti Bianche passava se numa ponte: Maria Schell esperava o amante que partira há um ano, Marcello Mastroianni apaixonava se por ela, e havia música, não sei de onde vinha a música, talvez de um bar ou de uma esplanada próxima; lembro me de um barco no canal, e dos sinos a tocarem, e do momento em que começava a nevar, e da rapariga a deixar cair o casaco que tinha sobre os ombros e a correr para os braços de um dos homens. Black Narcissus: Deborah Kerr vestida de freira, e o inesperado dos seus cabelos ruivos quando recordava, porque aquele lugar fazia recordar coisas; Kathleen Byron a tocar o sino do mosteiro na beira do precipício e a pintar os lábios na sua cela, a voltar de madrugada com um vestido vermelho e o cabelo molhado; e depois a luta final entre a jovem com o hábito branco e a jovem com o vestido vermelho, as nuvens lá em baixo, o mosteiro erguia se acima das nuvens. 

Em tempos pensava que todas as histórias eram uma só, a luta entre o anjo bom e o anjo caído, e sempre à beira de um abismo”.

In Karen, cap. I




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