Quando
Quando
o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará
o jardim, o céu e o mar,
E
como hoje igualmente hão-de bailar
As
quatro estações à minha porta.
Outros
em Abril passarão no pomar
Em
que eu tantas vezes passei,
Haverá
longos poentes sobre o mar,
Outros
amarão as coisas que eu amei.
Será
o mesmo brilho, a mesma festa,
Será
o mesmo jardim à minha porta,
E os
cabelos doirados da floresta,
Como
se eu não estivesse morta.
Sophia
de Mello Breyner Andresen, in 'Dia do Mar'
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