KAZUO
ISHIGURO
NOBEL DA LITERATURA 2017
‘Nasceu no Japão, mas cresceu
como inglês. O nome escolhido pela academia sueca foi anunciado dia 5, quinta
feira, em Estocolmo, e é o autor de livros como “Os Despojos do Dia” ou “Nunca me Deixes“.
Nascido a 8 de novembro de
1954, em Nagasaki, no Japão, Kazuo Ishiguro mudou-se para o Reino
Unido em 1960, quando o seu pai foi aceite como investigador no National
Institute of Oceanography.
Educado numa escola de
rapazes em Surrey, o laureado que em tempos trabalhou para a Rainha Mãe como
grouse-beater — basicamente, afugentava galinhas bravas em direção de caçadores
— acabou por entrar na Universidade de Kent, na Cantuária, onde se especializou
em língua inglesa e filosofia. O seu primeiro emprego, depois de ter concluído
os estudos superiores, foi o de assistente social nos bairros mais pobres de
Londres.
No discurso em que revelou o
vencedor, a secretária permanente da organização sueca destacou os “romances de
grande força emocional”, do autor, assim como a sua capacidade de “revelar os
abismos por trás da ilusória sensação de conexão com o mundo”. Mais tarde, a
mesma representante da Academia Sueca, disse em entrevista que este Nobel
distingue “um escritor de grande integridade”, “um romancista absolutamente
brilhante” que “desenvolveu um universo estético só seu”. Acabou por referir
ainda que Franz Kafka, Jane Austen e “uma pitada de Marcel Proust” compõem o
leque de principais influências do escritor.
No total, Ishiguro já conta
com nove obras publicadas — a primeira, “Introductions 7: Stories by New
Writers”, foi editada em 1981 e a mais recente, “O Gigante Enterrado”, chegou
às lojas em 2015 –, e um total de 20 distinções (21, contando com a de esta
quinta-feira), sendo que entre elas, as mais relevantes são o Man Booker Prize
para ficção (2005), os dois Best of Young British Novelists atribuídos pela
Granta (em 83 e 93) e a nomeação como Chevalier de l’Ordre des Arts et des
Lettres em França, no ano de 1998.
“Os Despojos do Dia”, romance
editado em 1989, conta a história de Stevens, um mordomo que relata o seu
dia-a-dia e o relacionamento com a governanta Miss Kenton. Transposto para o
grande ecrã em 1993 — com Anthony Hopkins e Emma Thompson como protagonistas –,
a obra destaca-se pela forma curiosa como nasceu. Num artigo escrito em
primeira pessoa para o Guardian, Ishiguro explica que demorou quatro semanas a
escrever o livro. No verão de 1987, o autor vivia um período de sucesso e
grande requisição: “Propostas de carreira tentadoras, jantares e festas,
apelativas viagens ao estrangeiro e montanhas de correspondência tinham
colocando um ponto final na minha capacidade de trabalho”, explica.Como tal,
Kazuo e a mulher, Lorna, decidiram tomar medidas drásticas, por isso, durante
quatro semanas, o escritor entrou num estado de reclusão total a que chamou de
“Crash”.
“Todos os dias, de segunda a
domingo, entre as nove da manhã e as dez e meia da noite, não fazia mais nada
senão escrever”, escreve Ishiguro. Limpou “impiedosamente” a sua agenda, deixou
o telefone tocar e o correio por ver. Aos 32 anos, conseguia assim, pela
primeira vez, fazer com que o mundo ficcional que criava se tornasse “mais real
que a realidade”. Em jeito de curiosidade destaca ainda a sua estreia a
escrever… no seu escritório — “A casa nova onde vivíamos tinha um escritório.
Nunca tinha tido um, os meus dois primeiros livros foram escritos na mesa da
sala de jantar”, revela.’
A partir da próxima semana, a
Biblioteca da Fundação A LORD disponibiliza títulos deste autor a todos os
leitores interessados.
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