terça-feira, 6 de março de 2012

XII Atelier de Olaria

Atelier de Olaria na Biblioteca
Como é já uma feliz tradição, a Biblioteca dinamizou, ao longo do mês de Fevereiro, mais um Atelier de Olaria, orientado pela nossa colaboradora habitual, a ceramista Maria Fernanda Braga.
E como a arte tradicional popular nos conta sempre a história dos costumes do nosso povo, a proposta que a Maria Fernanda nos trouxe, este ano, esvoaçou das Cantarinhas das Prendas ou dos Namorados cuja história, riquíssima na sua singeleza e tradição dos costumes das gentes minhotas, merece ser aqui contada:
“A Cantarinha das Prendas ou dos Namorados, a mais antiga peça que é típica de Guimarães, é feita em barro vermelho, polvilhada de mica branca, com motivos arcaicos saídos das olarias de Guimarães e é constituída por duas peças distintas: a cantarinha maior e a cantarinha menor. Esta serve de testo à maior e cada uma delas tem um simbolismo muito interessante.
A de formato maior traduz a abundância permanente que se deseja ao jovem casal que nela deposita ilusões e esperanças sem conta. A de formato menor tem o simbolismo da realidade da vida, já com desilusões e queixumes à mistura, na incerteza pelo pão de amanhã e pelas contingências da existência, naturalmente atribulada. Aquela que há-de encher a maior, despida de enfeites, é encimada pelo emblema da família, pelo amor de mãe que tudo sacrifica ao bem estar da sua prole, enquanto o homem, ausente, labuta no amanho da terra que lhes dará o sustento. Uma significa a esperança e o desejo em tudo o que é bom e que se pretende ver no enlace matrimonial, e a outra significa o realismo, com o papel do homem e da mulher no lar, cada um com a sua função conjugal, face à harmonia que se pretende para que o matrimónio seja um bem último para a família. Esta cantarinha era oferecida pelo rapaz à sua namorada quando formalizava o "pedido" de casamento. Se a cantarinha fosse aceite considerava-se feito o pedido, ficando assegurado o comprometimento que somente requeria o aval dos pais e o anúncio do noivado. Uma vez dado o consentimento dos pais e tendo estes chegado a um acordo quanto ao "dote", a cantarinha servia então para guardar as prendas que o noivo e pais ofereciam à noiva, que podiam ser em ouro ou prata (cordões, corações, arrecadas, relicários, cruzes, borboletas, estrelas, etc.), consoante as posses dos ofertantes. Este uso há muito, já, que foi posto de parte, restando hoje somente a tradição.”
Cantarinha das prendas
Os meninos dos Jardins de Infância de Igreja - S. Mamede de Recezinhos, de Monte - Mouriz, do Centro Escolar de Mouriz e do Centro Escolar da Estação - Valongo puderam moldar e ter nas suas pequenas mãos os pássaros que encimam as cantarinhas mas que traduzem a ânsia de voar para um infinito azul de lembranças e de sonhos.
Obrigado, Maria Fernanda. Até ao ano!




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