EU NÃO VOU PERTURBAR A PAZ
De tarde um homem tem esperanças.
Está sozinho, possui um banco.
De tarde um homem sorri.
Se eu me sentasse a seu lado
Saberia de seus mistérios
Ouviria até sua respiração leve.
Se eu me sentasse a seu lado
Descobriria o sinistro
Ou doce alento de vida
Que move suas pernas e braços.
Mas, ah! eu não vou perturbar a paz que ele
depôs na praça, quieto.
Manoel de Barros, Poesia Completa
Manoel
Wenceslau Leite de Barros (Cuiabá, 19 de dezembro de 1916 — Campo Grande, 13 de
novembro de 2014) foi advogado, fazendeiro e poeta. Escreveu o seu primeiro
poema aos 19 anos, mas a sua revelação poética ocorreu aos 13 anos de idade
quando ainda estudava no Colégio São José dos Irmãos Maristas, Rio de Janeiro.
Autor
de várias obras pelas quais recebeu prémios, como o Prémio Orlando Dantas, em
1960, conferido pela Academia Brasileira de Letras ao livro Compêndio para Uso
dos Pássaros.
Em
1969 recebeu o Prémio da Fundação Cultural do Distrito Federal pela obra
Gramática Expositiva do Chão e, em 1997, o livro Sobre Nada recebeu um prémio
de âmbito nacional.
Sem comentários:
Enviar um comentário