quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Escritor do mês | agosto


RITA FERRO
(1955/)


Escritora portuguesa, Rita Maria Roquette de Quadros Ferro Ochôa, filha do destacado ensaísta António Quadros e neta da escritora Fernanda de Castro e de António Ferro, um dos editores da Revista Orpheu, nasceu a 26 de fevereiro de 1955. Frequentou um colégio de freiras onde terminou os seus estudos. Findos estes, Rita Ferro, não se sentindo atraída pelos bancos da Universidade, fez um curso de Design de Interiores do IADE, Instituto de que seu pai foi fundador. 


Com apenas 20 anos, exercia já o cargo de redatora de publicidade nas Selecções do Readers Digest que manteve 22 anos e durante os quais assinou alguns dos seus trabalhos com pseudónimos - Marta Neves e Lúcia de Abreu. 
A estabilidade aqui adquirida como Diretora de Promoção não "aprisionou" Rita Ferro que, fascinada pelo gosto de novas experiências, muda de editora e assume um trabalho de freelancer na Editorial Verbo. Com 35 anos, viu publicado o seu primeiro livro "Nó na Garganta" cuja venda ultrapassou os 50 mil exemplares. Dois anos mais tarde, edita "O Vestido de Lantejoulas", cujo êxito vai abrir as portas a diversos convites para colaboradora nas revistas Marie Claire, Ler e TV Guia e nos Jornais Semanário, A Capital e Diário de Notícias. 

Diversificando a sua atividade, Rita Ferro, lecionou a cadeira de Publicidade Redigida no Instituto de Artes Gráficas, Design e Marketing, participou em conferências e colóquios e colaborou com o Programa 2 da RTP, apresentando "Quem conta um conto", com a emissora radiofónica TSF, através de "As Crónicas de Escárnio e Maldizer" e com a Rádio Renascença dando vida às "Conversas de Sala".

Escritos alguns textos dramáticos, de que se destaca "O Bom Partido", a autora agarra definitivamente a ficção e edita, entre outros, os títulos "O Vento e a Lua - História de Uma Vagabunda", "Uma Mulher não Chora", "Os Filhos da Mãe" e "A Meia-Irmã". As suas crónicas jornalísticas são compiladas sob o título "Por Tudo e Por Nada". O bom relacionamento com a sua filha, Marta Gautier, vai proporcionar uma parceria na autoria do livro "Desculpe lá, Mãe", no qual é feita uma abordagem das atuais relações entre mães e filhas e através do qual a autora pretende, conforme ela mesma refere "partilhar a ...experiência com as outras mães". Também em parceria, mas desta vez com a sua irmã Mafalda Ferro, elaborou a fotobiografia "Retrato de Uma Família: Fernanda de Castro, António Ferro e António Quadros". 

Rita Ferro recebeu o prémio Pen Narrativa 2012 com o romance A menina é Filha de quem?

Obras

Romances
O Nó na garganta (Dom Quixote, 1990)
O Vestido de Lantejoulas (Dom Quixote, 1991)
O Vento e a Lua (Dom Quixote, 1992)
Por Instinto (Editorial Notícias, 2000)
Os Filhos da Mãe (Dom Quixote, 2000)
A Menina Dança? (Dom Quixote, 2002)
Uma Mulher não Chora (Dom Quixote, 2002)
És Meu! (Dom Quixote, 2003)
Não Me Contes o Fim (Dom Quixote, 2005)
As Caras da Mãe (Dom Quixote, 2006)
Responde se és Homem (Dom Quixote, 2007)
13 Gotas ao Deitar (Oficina do Livro, 2009)
4 & 1 Quarto (Dom Quixote, 2009)
Chocolate, (2010)
A menina é filha de quem? (Dom Quixote, 2011)
Veneza Pode Esperar (Diário 1), (D. Quixote, 2013) 
A secretária de Sidónio Paes, (Glaciar), 2014

Crónicas
Por Tudo e Por Nada (Dom Quixote, 2002)
Os Cromos de Rita Ferro (Dom Quixote, 2003)
Sexo na Desportiva (Dom Quixote, 2007)

Outras publicações
Retrato de uma Família, com Mafalda Ferro (1999)
Desculpe Lá Mãe!, com Marta Gautier (1998)
Fotobiografia de Sebastião Alves, com Ana Vidal (2004)
Querida Menopausa, com Helena Sacadura Cabral (2005)
As Caras da Mãe (2005)
13 gotas ao deitar, em parceria com Alice Vieira, Catarina Fonseca, Leonor Xavier, Luísa Beltrão e Rosa Lobato Faria (2009)


Era padrão: dois meses na Praia das Maçãs, quinze dias em Alporchinhos ou na Ilha de Faro com a minha avó poetisa, e uns quantos dias no Minho, durante as feiras, em casas de amigos, repartidos entre a casa dos Abreu Lima e a única mansão infinita que conheci em Portugal. Tinha o nome medieval de Bertiandos, era onde passavam férias os netos do Conde de Aurora, e, no inverno, viajava-se por etapas ao longo do corredor, de calorífero em calorífero, para que as visitas não se finassem de hipotermia. Os anfitriões tinham um Rolls-Royce em cujos estofos me sentei as vezes suficientes para não mais confundir um automóvel com um carro.

In A Menina é Filha de Quem?, cap. 1


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